Política pública e educação integral no Brasil: do nacional-desenvolvimentismo ao neodesenvolvimentismo

Autores

  • Magda Cruz dos Santos Universidade Federal de Pelotas https://orcid.org/0000-0001-8971-9609
  • Leonardo Dorneles Gonçalves Professor do Instituto de Educação (área de políticas públicas da educação) da Universidade Federal do Rio Grande - FURG. https://orcid.org/0000-0001-8093-8493
  • Conceição Paludo Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)Atua na Graduação e Pós-Graduação, na UFRGS, FACED – Faculdade de Educação – Departamento de Estudos Básicos – Linha de pesquisa: Trabalho Movimentos Sociais e Educação. Estado do Rio Grande do Sul, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.18593/r.v43i3.16422

Palavras-chave:

Educação integral, Política pública, Emancipação humana

Resumo

Evidenciar as contradições das principais políticas de educação integral na escola pública de Educação Básica e problematizar suas relações com o desenvolvimento do capitalismo no Brasil foram os objetivos centrais neste estudo. Para tanto, realizamos a análise sobre as intencionalidades das políticas de educação integral dos últimos anos, respaldada por pesquisa bibliográfica sobre a história da educação integral nas políticas educacionais brasileiras, em diálogo com autores como Falleiros, Pronko e Oliveira (2010), Shiroma, Moraes e Evangelista (2000), Frigotto (2000) e Cavaliere (2010). Com a intencionalidade de analisar as concepções de educação integral no chamado modelo neodesenvolvimentista, recorremos à primeira versão do Programa Mais Educação que, lançada em 2007, vigorou até 2016. Os estudos efetivados permitem analisar a política de educação integral no Brasil como um instrumento que cumpre papéis distintos em cada período histórico, mas que tem se efetivado na relação com os objetivos apresentados pelas diferentes formas de sociabilidade capitalista, distanciando-se radicalmente dos referenciais históricos, teóricos e práticos que sustentam a educação integral na perspectiva anticapitalista e da emancipação humana.

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Biografia do Autor

Magda Cruz dos Santos, Universidade Federal de Pelotas

Doutoranda em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pelotas e Mestre em Educação pelo mesmo programa. Graduada em Ciências Sociais (bacharelado e licenciatura) pela Universidade Federal de Pelotas. Integrante dos Grupos de Pesquisa Educação Popular e Movimentos Sociais (MovSE) da Universidade Federal de Pelotas e Trabalho, Movimentos Sociais e Educação (TRAMSE) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Possui experiência na área de Educação, principalmente em relação aos temas: políticas públicas, trabalho e educação, educação popular, formação integral, movimentos sociais, escola pública e Educação do Campo. Foi pesquisadora no Projeto Observatório da Educação do Campo em seu núcleo no Estado do Rio Grande do Sul (CAPES/INEP). Atuou como professora da Educação Básica, coordenadora pedagógica e supervisora de estágio na rede pública estadual e municipal de Pelotas. Atualmente é bolsista CAPES.

Leonardo Dorneles Gonçalves, Professor do Instituto de Educação (área de políticas públicas da educação) da Universidade Federal do Rio Grande - FURG.

Pedagogo e Mestre pela Universidade Federal do Rio Grande - FURG. Doutor em Educação pela Universidade Federal de Pelotas - UFPel. Participa do grupo de pesquisa MOvSE - Movimentos Sociais, Escola Pública e Educação Popular (UFPel), coordenado pela Profa. Dra. Conceição Paludo e Educamemória - Educação e Memória (FURG), coordenado pelo Prof. Dr. Carmo Thum. Colabora com pesquisas sobre educação ambiental junto ao Observatório de Conflitos Urbanos e Socioambientais do Extremo Sul do Brasil (FURG), coordenado pelo Prof. Dr. Carlos RS Machado. Atualmente estuda a Implantação do Ensino Médio Politécnico em Rio Grande-RS, suas relações com as mudanças no mundo do trabalho e as implicações nas políticas educacionais. Tem interesse nos seguintes temas: relações entre educação e trabalho, educação popular, escola pública e política educacional, movimentos sociais, extensão universitária e educação ambiental.

Conceição Paludo, Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)Atua na Graduação e Pós-Graduação, na UFRGS, FACED – Faculdade de Educação – Departamento de Estudos Básicos – Linha de pesquisa: Trabalho Movimentos Sociais e Educação. Estado do Rio Grande do Sul, Brasil.

Possui graduação em Pedagogia, especialização em Educação Psicomotora e em Orientação Educacional, mestrado em Educação (1988) e doutorado em Educação (2000), ambos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente é docente no curso de Licenciatura em Educação do Campo e pesquisadora na UFRGS, na Faculdade de Educação - Departamento de Estudos Básicos - e na Linha de Pesquisa Trabalho, Movimentos Sociais e Educação (TRAMSE). Tem trabalhado, ao longo dos anos, com processos formais ? em todos os níveis de ensino - e não formais de educação. Temas centrais trabalhados: Fundamentos da Educação; Educação Popular e Educação do Campo; Educação e Movimentos Sociais; Planejamento, Avaliação e Metodologia de Processos Formativos e Organizativos; Metodologia da Pesquisa em Educação.

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Publicado

19-12-2018

Como Citar

SANTOS, M. C. dos; GONÇALVES, L. D.; PALUDO, C. Política pública e educação integral no Brasil: do nacional-desenvolvimentismo ao neodesenvolvimentismo. Roteiro, [S. l.], v. 43, n. 3, p. 1027–1050, 2018. DOI: 10.18593/r.v43i3.16422. Disponível em: https://periodicos.unoesc.edu.br/roteiro/article/view/16422. Acesso em: 16 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos de demanda contínua

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