Escola nova, educação do campo e a política educacional: a experiência do programa escola ativa

Autores

  • Márcio Adriano de Azevedo Instituto Federal do Rio Grande do Norte - IFRN https://orcid.org/0000-0003-1964-786X
  • Maria Aparecida de Queiroz Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
  • Francisco das Chagas Silva Souza Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - IFRN https://orcid.org/0000-0002-9721-9812

DOI:

https://doi.org/10.18593/r.v47.28138

Palavras-chave:

Educação do campo, Escola Nova, Política educacional, Programa Escola Ativa

Resumo

O presente artigo é resultado parcial de uma pesquisa em nível de Doutorado, financiada pelo CNPq, que teve como objetivo compreender a influência do escolanovismo em iniciativas governamentais para a educação do campo, em particular o Programa Escola Ativa. Optou-se pelos procedimentos teóricos e metodológicos da revisão bibliográfica, análise documental, observação e as notas de campo. Na concepção pedagógica da Escola Nova, destacam-se duas correntes: a metodológica e a doutrinária, que inspiraram vários programas e projetos educativos no mundo inteiro, inclusive ações governamentais voltadas para as escolas do campo com experiências no Brasil, como o Programa Escola Ativa, implementado nos anos de 1990 para atender às escolas do campo, visando preencher as lacunas metodológicas para o trabalho didático-pedagógico junto às escolas com turmas multisseriadas. Os resultados mostram que, após ser executado por mais de 20 anos como iniciativa específica para a realidade das escolas com turmas multisseriadas, em 2011, o Programa Escola Ativa foi extinto sob o argumento de que seria substituído pelo Programa Escola da Terra. A extinção do Programa, sem uma avaliação prévia da política que o concebeu, acabou seguindo o perverso ciclo das políticas de educação no Brasil, onde programas e projetos são descontinuados e/ou extintos, sobretudo quando ocorrem as transições governamentais.

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Biografia do Autor

Márcio Adriano de Azevedo, Instituto Federal do Rio Grande do Norte - IFRN

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – IFRN.

Maria Aparecida de Queiroz, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Possui graduação em Pedagogia (Universidade Federal do Rio Grande do Norte (1972), mestrado em Educação (Universidade Estadual de Campinas (1984) e doutorado em Educação (Universidade de São Paulo (1997). Professora adjunta IV da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Com experiência em Administração de Sistemas Educacionais; pesquisadora em política educacional, educação em contextos rurais ou do campo, políticas de juventude, educação a distância e o Plano de Ações Articuladas.

Francisco das Chagas Silva Souza, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - IFRN

Possui graduação em História (UFPB), doutorado em Educação (UFRN) e Pós-doutorado em Educação (UFF). É professor titular do IFRN, Campus de Mossoró, e líder do Grupo de Estudos "Trabalho, Educação e Sociedade" (G-Tres),grupo em rede com o Histedbr, da Unicamp. É professor do Programa de Pós-Graduação em Ensino (IFRN/UERN/UFERSA), do Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica (Mestrado Profissional em Rede Nacional), Polo IFRN/Mossoró e do Programa de Pós-graduação em Educação (IFRN/Natal). Desenvolve pesquisas nas áreas de História e memória, Educação Profissional, formação saberes docente, história da educação, ensino de História.

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Publicado

14-02-2022

Como Citar

AZEVEDO, M. A. de; QUEIROZ, M. A. de; SOUZA, F. das C. S. Escola nova, educação do campo e a política educacional: a experiência do programa escola ativa. Roteiro, [S. l.], v. 47, p. e28138, 2022. DOI: 10.18593/r.v47.28138. Disponível em: https://periodicos.unoesc.edu.br/roteiro/article/view/28138. Acesso em: 25 abr. 2024.

Edição

Seção

Seção temática: Educação do Campo: análises e resistências em movimento

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