Escola nova, educação do campo e a política educacional: a experiência do programa escola ativa
DOI:
https://doi.org/10.18593/r.v47.28138Palavras-chave:
Educação do campo, Escola Nova, Política educacional, Programa Escola AtivaResumo
O presente artigo é resultado parcial de uma pesquisa em nível de Doutorado, financiada pelo CNPq, que teve como objetivo compreender a influência do escolanovismo em iniciativas governamentais para a educação do campo, em particular o Programa Escola Ativa. Optou-se pelos procedimentos teóricos e metodológicos da revisão bibliográfica, análise documental, observação e as notas de campo. Na concepção pedagógica da Escola Nova, destacam-se duas correntes: a metodológica e a doutrinária, que inspiraram vários programas e projetos educativos no mundo inteiro, inclusive ações governamentais voltadas para as escolas do campo com experiências no Brasil, como o Programa Escola Ativa, implementado nos anos de 1990 para atender às escolas do campo, visando preencher as lacunas metodológicas para o trabalho didático-pedagógico junto às escolas com turmas multisseriadas. Os resultados mostram que, após ser executado por mais de 20 anos como iniciativa específica para a realidade das escolas com turmas multisseriadas, em 2011, o Programa Escola Ativa foi extinto sob o argumento de que seria substituído pelo Programa Escola da Terra. A extinção do Programa, sem uma avaliação prévia da política que o concebeu, acabou seguindo o perverso ciclo das políticas de educação no Brasil, onde programas e projetos são descontinuados e/ou extintos, sobretudo quando ocorrem as transições governamentais.
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