A didática no epicentro da formação de professores: crise e superação em contexto de pandemia
DOI:
https://doi.org/10.18593/r.v47.30146Palavras-chave:
Didática, Formação de Professores, Pandemia, Ensino Remoto EmergencialResumo
A Didática, historicamente, tem ocupado um papel central na formação de professores. Em uma perspectiva humanizada, caracteriza-se como um importante lócus de resistência às orientações legais brasileiras para os cursos de licenciatura que têm favorecido a dicotomia teoria e prática, a fragmentação das áreas de conhecimento, a padronização e o controle, como decorrência do entendimento político neotecnicista dos conceitos de educação, ensinar e aprender. Em meio a esse cenário já conturbado, a educação brasileira adentrou a crise provocada pela pandemia do SARS-CoV-2. Frente a tal problemática, no intuito de compreender como os estudantes dos cursos de licenciatura perceberam e caracterizaram o ensino de Didática, implementado por meio do Ensino Remoto Emergencial (ERE), este artigo analisa resultados de pesquisa realizada no país, em universidades públicas federais e estaduais, no período de 2020 a 2021. Trata-se de pesquisa quanti-qualitativa, cujo recorte apresentado refere-se à região sudeste que envolveu estudantes dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, representando 27,8% do total de 487 participantes. O instrumento que gerou o corpus da investigação foi um questionário on-line, com 46 questões abertas e fechadas. A análise, sob a perspectiva crítico-dialética, fundamentou-se em Pimenta, Libâneo, Marin, Freire, dentre outros. Os resultados evidenciaram que, apesar de todas as mazelas que a pandemia causou, os estudantes reconheceram o valor da interação pedagógica, mediada pelas tecnologias digitais, a relevância da disciplina, bem como os professores de Didática como propulsores do processo de ensino-aprendizagem que se volta para a formação profissional crítica e cidadã.
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