A didática como lugar de futuros possíveis: do ensino remoto ao pós-pandemia
DOI:
https://doi.org/10.18593/r.v47.30185Palavras-chave:
Didática, Ensino Remoto Emergencial, Licenciatura, Formação docenteResumo
Como campo investigativo das mediações que tornam o ensino uma prática formativa situada nos contextos histórico e social, a Didática opera um provocativo convite à sistematização de reflexões em torno do Ensino Remoto Emergencial (ERE) no período da pandemia do SARS-CoV-19. Nessa direção, o objetivo deste artigo é, particularmente, refletir sobre o ensino de Didática no contexto de transição pós-pandemia com base em pesquisa realizada sobre a experiência de aprendizagem de discentes dessa disciplina durante o ERE. A pesquisa assumiu abordagem quanti-qualitativa e utilizou questionário online para a coleta de informações junto a 101 estudantes de licenciaturas em universidades públicas situadas na região nordeste. Os dados relativos aos processos de interação e mediação do ensino remoto emergencial de Didática apontam que, segundo os/as estudantes, as/os docentes encontraram dificuldades para mobilizar o uso das tecnologias da informação, mas também empreenderam esforços e dedicação no contexto de ERE. Identificou-se que, mesmo conectados por diversas plataformas, as/os estudantes reconhecem as lacunas nas relações interpessoais com seus/suas pares e docentes. Por outro lado, informações sobre metodologias de ensino utilizadas por docentes denotam que a condução da disciplina deu-se mediante um processo colaborativo. Na transição pós-pandemia, parece fundamental recuperar essas experiências para prospectar caminhos que reforcem a importância das relações interpessoais na construção do conhecimento, a mediação ativa e intencional da/a docente com uso de tecnologias, sem suprimir-se por elas, e o reconhecimento da aprendizagem como processo sobre o qual incidem determinantes psicossociais complexos, os quais devem considerados no planejamento contextualizado do ensino.
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