A redução do papel do professor-mestre à condição ilusória de empreendedor
DOI:
https://doi.org/10.18593/r.v47.28387Palavras-chave:
Neoliberalismo educacional, Docência na Educação Básica, Formação docente, Pensamento reflexivoResumo
No estudo em tela, problematiza-se a redução do papel do professor a condição de colaborador no meio educacional. Tal redução representa a destituição desse profissional de uma posição de mestre/educador engajado na formação humana para a de um empreendedor que submete sua autonomia e intelectualidade às demandas da escola que adota a dinâmica empresarial. Por meio do método analítico-hermenêutico, desenvolve-se a hipótese de que tal alteração de substantivos oculta a articulação com a racionalidade neoliberal, objetificando o mestre/educador e concebendo sua função como subordinada aos anseios do setor mercantil quanto à formação oferecida na educação básica. A partir disso, retoma-se ideário de John Dewey (1979a; 1979b) acerca do papel do professor no processo educativo, na busca pela formação de sujeitos ativos e reflexivos, capazes de compreender e agir na sociedade em que se situam, apontando-se perspectivas para o enfrentamento do viés que tenta torná-lo um mero reprodutor das expectativas capitalistas na educação. Organizado em três seções que seguem a sistemática indicada, o artigo se constitui como de natureza básica, qualitativo quanto à abordagem, exploratório em relação aos seus objetivos e bibliográfico no que se refere aos procedimentos.
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