Sombras de violência: premissas ocultas em epistemologias
DOI:
https://doi.org/10.18593/r.v43i2.15734Palavras-chave:
Educação, Epistemologia, Violência, Experiências formativasResumo
Existe algo desconcertante na trajetória humana, pois mesmo desejando o bem e a felicidade, toleramos e conservamos atitudes de violência. Historicamente a violência gerou graus significativos de dor e sofrimento. Em sua breve história, o ser humano foi e é capaz das mais terríveis atrocidades e deixa expresso, nessa história, um rastro indelével de maldade e sofrimento. O ser humano contemporâneo, no seio da civilização, vive cercado de ambiguidades, paradoxos e desigualdades que expressam e renovam formas de violência. Reencontramo-nos com horrores, angústias e desesperanças de antes e as elasticamos para o amanhã. Diante desses cenários, radicados em violências de múltiplos matizes, o horizonte do trabalho é lançar luzes refletindo sobre a epistemologia em meio às emergências de diferentes emocionalidades e racionalidades. Assim, diante das inflexões da complexidade da condição humana, perguntamos: como violência e epistemologia estão articuladas e como uma dimensão epistemológica pode constituir-se para além de ser expressão violenta e da violência? Acenam-se com diferentes possibilidades de refletir, discutir e lidar com uma das inglórias faces da dimensão humana: a capacidade de exercitar e exercitar-se em violência no âmbito do conhecer. Concluímos que a profanação das epistemologias que fazem pervagar violências, para restaurar um ser humano qualquer, sem essência ou destino a galgar, numa comunidade que vem, vacilante entre a singularidade e o universal, é uma tarefa da formação que vem, ancorada em um conhecer para além da fragmentação e dos mecanismos sistemáticos.
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