Recomendações dos organismos internacionais para a América Latina: inclusão escolar, sustentabilidade e desigualdade estrutural

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18593/r.v48.27403

Palavras-chave:

Políticas Educacionais, América Latina, Educação Especial, Teoria Histórico-Cultural

Resumo

Objetiva-se discutir as recomendações de organismos internacionais para a Educação Especial e Inclusão na América Latina (AL) no século XXI, como resultado de pesquisa interinstitucional, de natureza bibliográfico-documental, sobre as políticas públicas para a Educação Especial e a inclusão educacional em países latino-americanos. À luz do materialismo histórico e da Teoria Histórico-cultural, as condições objetivas de desenvolvimento dos países são levantadas, pois a educação que ofertam depende da riqueza material e simbólica/cultural acumulada e da sua distribuição/fruição - em acordo com a classe social. A metodologia contou com a análise de documentos norteadores de organismos internacionais para a AL subsidiada por produções teóricas que possibilitam a compreensão da temática. Os resultados apontaram que a partir dos anos 2000 esses organismos orientam os governos a se atentarem à inclusão e à preservação/educação ambiental, entendendo que, pelo percentual de pessoas que abarca, o grupo da Educação Especial não pode ser ignorado, sobretudo num momento de notório crescimento da desigualdade econômico-social na América Latina. Nesta terceira década o discurso da inclusão escolar/educacional se dá em meio à desigualdade social que alcança índices estarrecedores, o que obstaculiza ainda mais o desenvolvimento do psiquismo do referido grupo. Conclui-se, ante esse quadro, pela necessidade de acompanhar como a desigualdade provocada pela deficiência e as NEE são enfrentadas pelos países com suas políticas educacionais ordinária e extraordinariamente. Esse acompanhamento deve implicar na participação efetiva desse grupo, considerando-o capaz de pensar sobre si e o mundo, e ser instrumentalizado/formado para tanto.

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Biografia do Autor

Sonia Mari Shima Barroco, UEM

Psicóloga, com pós-doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia Escolar
e do Desenvolvimento Humano (USP), doutorado em Educação Escolar
(UNESP/Araraquara) e mestrado em Educação (UEM). Professora Voluntária do
Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPI/UEM-PR) e Professora Visitante
Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGPSI/UNIR-RO – CAPES). 

Neide da Silveira Duarte de Matos , Universidade Estadual do Oeste do Paraná

Doutora em Psicologia - Programa de Psicologia da Universidade Estadual de Maringá - PPI/UEM. Foi bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior-CAPES em Doutorado Sanduíche na Universidad de la Habana (UH), Habana-Cuba. Possui Mestrado em Educação pelo Programa de Pós- Graduação em Educação-PPGE/Unioeste. Graduação em Pedagogia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Integrante do Grupo de Pesquisa HISTEDOPR e GEPESPHC. Membro do GT Psicologia e Políticas Educacionais da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia-ANPEPP e da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional - ABRAPEE. Atualmente atua como professora do Curso de Pedagogia - UNIOESTE/Cascavel. Foi Coordenadora Geral do Núcleo de Formação de Professores e Prática de Ensino - NUFOPE - UNIOESTE. Atuou como coordenadora responsável pela Educação Especial na Secretaria Municipal de Educação - Prefeitura de Cascavel - (PR). Tem experiência na área de Educação; professora da Educação Infantil e das séries iniciais do Ensino Fundamental; Coordenadora Pedagógica Escolar e também Direção Escolar. Durante os anos de 2008, 2009 e 2010 atuou no processo de formação de professores da Educação Especial e coordenadores pedagógicos da Rede Municipal de Ensino de Cascavel.

Gesilaine Mucio Ferreira, Universidade Estadual de Maringá (UEM)

Graduada em Pedagogia e Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Políticas Educacionais, Gestão e Financiamento da Educação (GEPEFI/CNPq). Docente do Departamento de Pedagogia, do Campus Regional de Cianorte UEM. Doutora e Mestra em Educação pela Universidade Estadual de Maringá.

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Publicado

08-05-2023

Como Citar

BARROCO, S. M. S.; MATOS , N. da S. D. de; FERREIRA, G. M. Recomendações dos organismos internacionais para a América Latina: inclusão escolar, sustentabilidade e desigualdade estrutural. Roteiro, [S. l.], v. 48, p. e27403, 2023. DOI: 10.18593/r.v48.27403. Disponível em: https://periodicos.unoesc.edu.br/roteiro/article/view/27403. Acesso em: 3 jul. 2024.

Edição

Seção

Artigos de demanda contínua