Demandas discursivas regulatórias para “fazer a BNCC sair do papel” no Oeste da Bahia
DOI:
https://doi.org/10.18593/r.v46i0.23806Palavras-chave:
Base Nacional Comum Curricular, Política de Currículo, Pós-EstruturalismoResumo
Amparado nos estudos pós-fundacionais do currículo, defende-se a tese de que a política da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), no Brasil, apesar dos esforços nacionais no âmbito dos estados e municípios para “fazê-la sair do papel”, está fadada ao fracasso. Os materiais empíricos mobilizados neste texto fazem referência à itinerância acadêmica e profissional do autor na pesquisa em política de currículo, e envolve os seguintes registros e atores sociais: (i) depoimentos e planejamentos de ensino de professoras que “implementam”, nos currículos escolares, as normas da BNCC; e (ii) escritas acerca da percepção de estudantes em vivência de estágio supervisionado, no que tange ao modo como a BNCC vem remodelando os currículos escolares da região e suas próprias atividades formativas. Argumenta-se que a BNCC está, incontornavelmente, sujeita aos processos disseminativos de interpretação, negociação e disputa de sentidos sobre o currículo e a própria educação que ocorrem no chão das escolas, desconfigurando-a em sua ânsia por transparência normativa e identidade fixa. Defende-se que, por mais que a BNCC e todos os discursos regulatórios a ela vinculados possam tentar “tirá-la do papel”, ela continuará manifestando-se como uma orientação precária, finita, que permanece sendo tensionada e convidada ao diálogo com o outro por meio dos desajustes interpretativos, das readequações contextuais, enfim, por toda força criativa do diferir que esta julga poder estabilizar de uma vez por todas na educação.
Downloads
Referências
BALL, S. J.; MAGUIRE, M.; BRAUN, A. Como as escolas fazem as políticas: atuação em escolas secundárias. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2016.
BHABHA, H. K. O local da cultura. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2013.
BIESTA, G. Boa educação na era da mensuração. Cadernos de Pesquisa, v. 42, n. 147, p. 808-825, dez. 2012. DOI: https://dx.doi.org/10.1590/S0100-15742012000300009. DOI: https://doi.org/10.1590/S0100-15742012000300009
BIESTA, G. Para além da aprendizagem: educação democrática para um futuro humano. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.
BIESTA, G. The beautiful risk of education. London: Routledge, 2016. DOI: https://doi.org/10.4324/9781315635866
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Ensino Médio. Brasília, DF: MEC, 2018.
BUTLER, J.; LACLAU, E.; ŽIŽEK, S. Contingencia, hegemonía, universalidad: diálogos contemporáneos en la izquierda. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica de Argentina, 2004.
BUTLER, J. Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.
BUTLER, J. Relatar a si mesmo: crítica da violência ética. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.
CUNHA, E. V. R. Cultura, contexto e a impossibilidade de uma unidade essencial para o currículo. Currículo sem Fronteiras, v. 15, n. 3, p. 575-587, 2015. Disponível em: https://www.curriculosemfronteiras.org/vol15iss3articles/cunha.pdf. Acesso em: 10 fev. 2020.
FRANGELLA, R. C. P.; DIAS, R. E. Os Sentidos de Docência na BNCC: efeitos para o currículo da educação básica e da formação/atuação de professores. Educação Unisinos, v. 22, n. 1, p. 7-15, jan./mar. 2018. DOI: https://dx.doi.org/10.4013/edu.2018.221.01. DOI: https://doi.org/10.4013/edu.2018.221.01
GLYNOS, J.; HOWARTH, D. Critical explanation in social science: a logics approach. Swiss Journal of Sociology, v. 34, n. 1, p. 5-35, 2008. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Jason_Glynos/publication/328145174_Critical_Explanation_in_Social_Science_a_Logics_Approach/links/5bbb4f2c4585159e8d8c32c3/Critical-Explanation-in-Social-Science-a-Logics-Approach.pdf. Acesso em: 10 fev. 2020.
LACLAU, E. Ideology and post-Marxism. Journal of Political Ideologies, v. 11, n. 2, p. 103-114, 2006. DOI: https://doi.org/10.1080/13569310600687882. DOI: https://doi.org/10.1080/13569310600687882
LACLAU, E. Los fundamentos retóricos de la sociedad. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2014.
LACLAU, E.; MOUFFE, C. Hegemonia e estratégia socialista: por uma política democrática radical. São Paulo: Intermeios, 2015.
LOPES, A. C.; MACEDO, E. Teorias de Currículo. São Paulo: Cortez, 2011.
LOPES, A. C. Normatividade e Intervenção política: em defesa de um investimento radical. In: LOPES, A. C.; MENDONÇA, D. A Teoria do Discurso de Ernesto Laclau: ensaios críticos e entrevistas. São Paulo: Annablume, 2015a. p. 117-147.
LOPES, A. C. Políticas de Currículo em um enfoque discursivo: notas de pesquisa. In: LOPES, A. C.; OLIVEIRA, A. L; OLIVEIRA, G. G. A teoria do discurso na pesquisa em educação. Recife: Ed. UFPE, 2018. p. 133-167.
LOPES, A. C. Por um currículo sem fundamentos. Linhas Críticas, v. 21, n. 45, p. 445-466, maio/ago. 2015b. Disponível em http://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/16735. Acesso em: 10 fev. 2020. DOI: https://doi.org/10.26512/lc.v21i45.4581
MACEDO, E. Base Nacional Curricular Comum: novas formas de sociabilidade produzindo sentidos para educação. Revista E-Curriculum, v. 12, n. 3, p. 1530-1555, out./dez. 2014. Disponível em http://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/article/view/21666. Acesso em: 10 fev. 2020.
MACEDO, E. Fazendo a base virar realidade: competências e o germe da comparação. Retratos da Escola, v. 13, n. 25, p. 39-58, jan./maio 2019. DOI: https://dx.doi.org/10.22420/rde.v13i25.967. DOI: https://doi.org/10.22420/rde.v13i25.967
PINAR, W. F. A equivocada educação do público nos Estados Unidos. In: GARCIA, R. L.;
MOREIRA, A. F. B. (org.). Currículo na contemporaneidade: incertezas e desafios. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2012. p. 153-173.
TAUBMAN, P. Teaching by numbers: deconstructing the discourse of standards and accountability in education. New York: Routledge, 2009. Disponível em: https://www.researchgate.net/file.PostFileLoader.html?id=567ae7f7614325f5548b457c&assetKey=AS%3A309891711864833%401450895349621. Acesso em: 10 fev. 2020.
VATTIMO, G. As aventuras da diferença: o que significa pensar depois de Heidegger e Nietzsche. Lisboa: Edições 70, 1980.
VATTIMO, G. O fim da modernidade: niilismo e hermenêutica na cultura pós-moderna. Tradução: Eduardo Brandão. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
![](https://periodicos.unoesc.edu.br/public/journals/14/submission_23806_19331_coverImage_pt_BR.jpg)
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Clívio Pimentel Júnior
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Declaração de Direito Autoral
Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à Revista o direito de primeira publicação, com o trabalho licenciado simultaneamente sob uma Licença Creative Commons – Atribuição – 4.0 Internacional.