O trabalho infantil e a educação de jovens e adultos na perspectiva de adultos trabalhadores

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18593/r.v43iesp.16175

Palavras-chave:

Educação de Jovens e Adultos, Trabalho infantil, Adultos, Políticas educacionais

Resumo

De um ponto de vista histórico, a educação da classe trabalhadora nem sempre foi considerada necessária e, por isso, nem sempre foi defendida nos textos legais. A discussão sobre esse assunto começou a avançar no âmbito legal em razão das mudanças ocorridas no mercado de trabalho, que passou a exigir do trabalhador a qualificação profissional necessária para a execução das mais diversas tarefas. Diante disso, o objetivo com este texto foi discutir sobre a Educação de Jovens e Adultos (EJA) enquanto política educacional dirigida à população jovem e adulta que pode ter tido a escolarização prejudicada pelo trabalho. É um estudo de cunho quanti-qualitativo, no qual participaram 131 adultos, de ambos os sexos, oriundos de duas instituições de ensino de um município de médio porte do Estado de São Paulo. Os dados foram obtidos a partir da utilização de um questionário internacional, submetido à análise no software SPSS e nos pressupostos da Análise de Conteúdo. Buscou-se analisar a EJA enquanto modalidade da Educação Básica destinada à população que não teve acesso à escola no tempo certo da infância e adolescência, bem como refletir acerca do trabalho infantil para além de um olhar generalista e universalista sobre o fenômeno. Os resultados apontam que, apesar do avanço legal, estrutural e organizacional, a EJA ainda não se constituiu uma política educacional efetiva para atender a classe trabalhadora e que é possível encontrar situações de trabalho infantil nos mais diversos espaços, tanto pelos aspectos sociais e econômicos que perpetuam as desigualdades quanto pela presença de características culturais e ideológicas que justificam sua existência.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Aline Madia Mantovani, Egressa da UNESP - Presidente Prudente

Licenciatura Plena em Pedagogia (FCT/UNESP, 2008), Mestre (2012) e Doutora em Educação (2017) pela FCT/UNESP, campus de Presidente Prudente; discute temas como trabalho infantil, representações sociais, crianças e adolescentes em situação de risco, resiliência e Educação Infantil.

Anderson dos Santos Carvalho, Universidade de São Paulo

Professor de Educação Física pela UNOESTE, mestre em Educação Física pela Faculdade Metodista e Doutorando em Ciências pelo Programa Interunidades de Doutoramento em Enfermagem de Ribeirão Preto. Universidade de São Paulo/EERP-USP.

Referências

ALBERTO, M. de F. P. et al. O trabalho infantil doméstico e o processo de escolarização. Psicologia & Sociedade, Belo Horizonte, v. 23, n. 2, p. 293-320, 2011.

ALVES-MAZZOTTI, A. J. Trabalho infanto-juvenil: representações de meninos trabalhadores, seus pais, professores e empregadores. In: MOREIRA, A. S. P.; OLIVEIRA, D. C. (Org.). Estudos Interdisciplinares de Representação Social. Goiânia: AB, 1998. p. 285-301.

ANYANGO-KIVUVA, L. The forgotten poor: problematizing policies of children`s work and schooling in Kenya. 2006. Tese (Doutorado em Filosofia)–Faculty of School of Education, University of Pittsburg, Pittsburg, 2006.

ASBAHR, F. da S. F. “Por que aprender isso, professora?” Sentido pessoal e atividade de estudo na Psicologia Histórico-Cultural. 2011. Tese (Doutorado em Psicologia)–Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.

BLUM, D. A. O Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) no município de Ponta Grossa – PR: uma avaliação sobre a política pública de enfrentamento ao trabalho infantil (2010). 2012. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais Aplicadas)–Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, 2012.

BRASIL. Constituição. República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Senado Federal, 05 out. 1988.

BRASIL. EC n. 59, de 11 de novembro de 2009. Acrescenta § 3º ao art. 76 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias para reduzir, anualmente, a partir do exercício de 2009, o percentual da Desvinculação das Receitas da União incidente sobre os recursos destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino de que trata o art. 212 da Constituição Federal, [...] com a inserção neste dispositivo de inciso VI. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 nov. 2009.

BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 dez. 1996.

CARVALHO, I. M. M. de. O trabalho infantil no Brasil Contemporâneo. Caderno CRH, Salvador, v. 21, n. 54, p. 551-569, set./dez. 2008.

COSTA, C. G. Desafios da EJA em face das transformações do trabalho. Revista Lugares de Educação, Bananeiras, v. 3, n. 6, p. 90-103, jul./dez. 2013.

DI PIERRO, M. C. A Educação de Jovens e Adultos no Plano Nacional de Educação: avaliação, desafios e perspectivas. Educação & Sociedade, Campinas, v. 31, n. 112, p. 939-959, jul./set. 2010.

DI PIERRO, M. C.; HADDAD, S. Transformações nas políticas de Educação de Jovens e Adultos no Brasil no início do Terceiro Milênio: uma análise das agendas nacional e internacional. Cadernos Cedes, Campinas, v. 35, n. 96, p. 197-217, maio/ago. 2015.

DI PIERRO, M. C. O impacto da inclusão da Educação de Jovens e Adultos no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica: um estudo em municípios paulistas. Em Aberto, Brasília, DF, v. 28, n. 93, p. 119-130, jan./jun. 2015.

FARIAS, A. F. O processo de formação inicial de professores dos anos iniciais da EJA: uma análise do curso de Pedagogia de universidades estaduais de São Paulo. 2016. Dissertação (Mestrado em Educação)–Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, 2016.

FORTIN, M. F. O processo de investigação: da concepção à realização. 3. ed. Loures: Lusociência, 2003.

HADDAD, S. A ação de governos locais na Educação de Jovens e Adultos. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 12, n. 35, p. 197-211, maio/ago. 2007.

HADDAD, S.; SIQUEIRA, F. Analfabetismo entre jovens e adultos no Brasil. Revista Brasileira de Alfabetização, Vitória, v. 1, n. 2, p. 88-110, jul./dez. 2015.

INVERNIZZI, A.; TOMÉ, S. O trabalho dos adolescentes no Algarve: um estudo sobre as suas motivações, organização familiar e práticas de socialização. Análise Social, Lisboa, v. 42, n. 184, p. 875-898, 2007.

KASSOUF, A. L. O efeito do trabalho infantil para o rendimento e a saúde dos adultos. In: ENCONTRO BRASILEIRO DE ECONOMETRIA, 22., Campinas, 2000. Anais... Campinas: CEPEA/EsalQ/USP, 2000. Disponível em: <https://www.cepea.esalq.usp.br/br/documentos/texto/o-efeito-do-trabalho-infantil-para-os-rendimentos-e-a-saude-dos-adultos-a-artigo-apresentado-no-xxii-encontro-brasileiro-de-econometria-2000.aspx>. Acesso em: 15 maio 2016.

KASSOUF, A. L. O que conhecemos sobre o trabalho infantil? Nova Economia, Minas Gerais, v. 17, n. 2, p. 323-350, 2007.

KASSOUF, A. L.; SANTOS, M. J. dos. Trabalho infantil no meio rural brasileiro: evidências sobre o “Paradoxo da Riqueza”. Economia Aplicada, Ribeirão Preto, v. 14, n. 3, p. 339-353, 2010.

KUENZER, A. Z. A Educação Profissional nos anos 2000: a dimensão subordinada das políticas de inclusão. Educação & Sociedade, Campinas, v. 27, n. 96, p. 877-910, out. 2006. Edição especial.

KUENZER, A. Z. Sob a reestruturação produtiva, enfermeiros, professores e montadores de automóveis se encontram no sofrimento do trabalho. Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v. 2, p. 107-119, 2004.

LIBÓRIO, R. M. C. Crianças e adolescentes em situação de risco: dimensões do trabalho infantil nos municípios de Presidente Prudente, Belo Horizonte e Porto Alegre. 2009. [No prelo].

LIMA, A. C. de; ALMEIDA, A. M. Permanências e mutações na definição intergeracional do trabalho infantil. Educação & Sociedade, Campinas, v. 31, n. 111, p. 347-369, abr./jun. 2010.

MACHADO, M. M. A Educação de Jovens e Adultos no século XXI: da alfabetização ao ensino profissional. Inter-Ação, Goiânia, v. 36, n. 2, p. 393-412, jul./dez. 2011.

MANTOVANI, A. M. Trabalho Infantil e desenvolvimento na perspectiva de profissionais da educação e famílias. 2012. Dissertação (Mestrado em Educação)–Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, 2012.

MANTOVANI, A. M. Trabalho infantil e resiliência na vida de estudantes da EJA. 2017. Tese (Doutorado em Educação)–Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, 2017.

MORETE, R. de C. B. S. O Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos de Presidente Prudente (CEEJA-PP) significa realmente espaço formativo? 2010. Dissertação (Mestrado em Educação)–Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, 2010.

MYNAIO, M. C. de S. (Org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 29. ed. Petrópolis: Vozes, 2010.

PESSOA, A. S. G.; LIBÓRIO, R. M.; VIOTTO FILHO, I. A. T. Trabalho e educação no contexto de adolescentes brasileiros: reflexões sobre retóricas de erradicação e políticas sociais. Nuances: estudos sobre educação, Presidente Prudente, v. 26, n. 1, p. 66-79, jan./abr. 2015.

RAMOS, M. S.; STAMPA, I. T. Políticas de Educação Profissional: naturalização das expressões da questão social? Argumentum, Vitória, v. 7, n. 2, p. 74-88, jul./dez. 2015.

SAMPAIO, M. N. Educação de Jovens e Adultos: uma história de complexidade e tensões. Práxis Educacional, Vitória da Conquista, v. 5, n. 7, p. 13-27, jul./dez. 2009.

SARMENTO, M. J. Trabalho infantil em Portugal: controvérsias e realidades. In: VIEIRA, C. et al. (Org.). Ensaios sobre o Comportamento Humano. Coimbra: Almedina, 2005. p. 95-116.

SARTORI, E. Trabalho infantil em Franca: um laboratório das lutas sociais em defesa da criança e do adolescente. Cadernos Pagu, Campinas, v. 26, p. 253-278, jan./jun. 2006.

SEPULVEDA, F. G. B. Educação de Jovens e Adultos: análise da política e da prática de formação de educadores no Programa Brasil Alfabetizado. 2009. Tese (Doutorado em Educação)–Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2009.

SOUSA, O. M. C. G. de; ALBERTO, M. de F. P. Trabalho precoce e processo de escolarização de crianças e adolescentes. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 13, n. 4, p. 713-722, out./dez. 2008.

SOUZA, M. E. C. de. Mais tempo na escola, menos tempo no trabalho: articulação entre políticas sociais e educacionais no combate ao trabalho infantil. 2012. Tese (Doutorado em Educação)–Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2012.

STROPASOLAS, V. L. Trabalho infantil no campo: do problema social ao objeto sociológico. Revista Latino-Americana de Estudos do Trabalho, v. 17, n. 27, p. 249-286, 2012.

UNGAR, M.; LIEBENBERG, L. The Resilience Research Centre Adult Resilience Measure (RRC-ARM). User’s manual: Research, 2013.

WOODHEAD, M. Psychosocial impacts of child work: a framework for research, monitoring and intervention. The International Journal of Children`s Rights, v. 12, p. 321-377, 2004.

Downloads

Publicado

06-12-2018

Como Citar

MANTOVANI, A. M.; CARVALHO, A. dos S. O trabalho infantil e a educação de jovens e adultos na perspectiva de adultos trabalhadores. Roteiro, [S. l.], v. 43, n. esp, p. 377–398, 2018. DOI: 10.18593/r.v43iesp.16175. Disponível em: https://periodicos.unoesc.edu.br/roteiro/article/view/16175. Acesso em: 22 jul. 2024.

Edição

Seção

Artigos de demanda contínua