Escola para todos e cada um: proposta de síntese entre planejamento coletivo e planejamento individualizado

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18593/r.v47.27402

Palavras-chave:

Educação inclusiva, Desenho Universal para a Aprendizagem, Planejamento Educacional Individualizado, Vigotski

Resumo

A garantia de acesso em ambientes escolares não restritivos, com igualdade de oportunidades, é uma das premissas das políticas de inclusão. Tal garantia, na perspectiva vigotskiana, pode ser também tomada como alternativa ao desenvolvimento, considerando ser a escola um espaço cujas práticas podem culminar em aprendizagem para estudantes com deficiência. Vigotski viveu noutro contexto histórico e cultural, contudo, os princípios da sua teoria acerca do desenvolvimento das pessoas com deficiência podem ser orientadores para uma proposta de escola inclusiva. Este artigo é desencadeado pela proposição vigotskiana de síntese dialética entre o ensino comum e o ensino especializado, destacando o trabalho colaborativo na escola inclusiva. Tem como objetivo propor uma síntese entre o planejamento individualizado e o planejamento coletivo, organizados, respectivamente, em propostas, como o Planejamento Educacional Individualizado (PEI) e o Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA). Configura-se como um ensaio teórico que busca aproximações entre os escritos de Vigotski e as formas de organização do ensino na perspectiva inclusiva. Ao invés de polarizar os diferentes designs de planejamento do ensino, compreende-se o potencial de uma proposta de planejamento colaborativa, que agregue tanto o coletivo (como o DUA) quanto o individual (como o PEI) para a construção de síntese que supere limitações, preservando a essência de cada uma dessas abordagens metodológicas. Desse modo, apresentam-se orientações para o planejamento, que é coletivo e individualizado, a partir de uma perspectiva colaborativa, como construção da síntese dialética.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Adriane Cenci, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Professora Adjunta do Departamento de Fundamentos e Políticas da Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN.

Licenciada em Educação Especial pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM. Especialista em Gestão Educacional pela UFSM. Mestre em Educação pela UFSM. Doutora em Educação pela Universidade Federal de Pelotas - UFPel

Amélia Rota Borges de Bastos, Universidade Federal do Pampa – Bagé/RS

Professora Associada da Área de Educação, da Universidade Federal do Pampa – Bagé/RS

Pós-Doutorado em Educação pela UFPel. Doutora em Educação pela Unisinos, com complementação de estágio sanduíche na Universidade do Porto-PT. Mestre em Educação pela UFPel. Especialista em Diagnóstico e Tratamento dos Transtornos da Infância e Adolescência pelo Centro Lydia Coriat. Graduada em Psicologia pela UCPEL.

Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/1075436289053313

ORCID: 0000-0003-2355-5263

Referências

Vygotsky’s concepts of development and contradiction. Research on Humanities and Social Sciences, [s. l.], v. 7, n.18, p. 96-102, 2017.

BRASIL. Decreto n. 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei n. 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei n. 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 2005. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm. Acesso em: 27 mar. 2021.

BRASIL. Decreto n. 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 nov. 2011. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7611.htm Acesso em: 27 mar. 2021.

BRASIL. Decreto n. 10.502, de 30 de setembro de 2020. Institui a Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 30 nov. 2020.

BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 dez. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 27 mar. 2021

BRASIL. Lei n. 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 dez. 2000a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10098.htm. Acesso em: 27 mar. 2021.

BRASIL. Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 7 jul. 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm Acesso em: 27 mar. 2021.

BRASIL. Nota técnica – SEESP/GAB/N. 11/2010. Orientações para a institucionalização da Oferta do Atendimento Educacional Especializado – AEE em Salas de Recursos Multifuncionais, implantadas nas escolas regulares. Brasília: MEC/SEESP, 2010. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=5294-notatecnica-n112010&category_slug=maio-2010-pdf&Itemid=30192 Acesso em: 27 mar. 2021.

BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: Adaptações Curriculares. Secretaria de Educação Fundamental. Secretaria de Educação Especial. Brasília: MEC/SEF/SEESP, 1998.

BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC, 2008. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf Acesso em: 27 mar. 2021.

BRASIL. Projeto Escola Viva - Garantindo o acesso e permanência de todos os alunos na escola - Alunos com necessidades educacionais especiais – Adaptações curriculares de grande porte. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2000b.

BRASIL. Projeto Escola Viva - Garantindo o acesso e permanência de todos os alunos na escola - Alunos com necessidades educacionais especiais – Adaptações curriculares de pequeno porte. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2000c.

BRASIL. Subsecretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Comitê de Ajudas Técnicas. Tecnologia Assistiva. Brasília: CORDE, 2009.

BOCK, G. L. K.; GESSER, M.; NUERNBERG, A. H. Desenho Universal para a Aprendizagem: a produção científica no período de 2011 a 2016. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília: ABPEE, v. 24, n. 1, p. 143-160, jan./mar. 2018. DOI: https://doi.org/10.1590/s1413-65382418000100011

CENCI, A. et al. The contradictions within inclusion in Brazil. Learning, Culture and Social Interaction, [s. l.], v. 24, p. 1-14, mar. 2020. DOI: https://doi.org/10.1016/j.lcsi.2019.100375

CENCI, A.; DAMIANI, M. F. Adaptação curricular e o papel dos conceitos científicos no desenvolvimento de pessoas com necessidades educacionais especiais. Revista Educação Especial, Santa Maria, UFSM, v. 26, n. 47, p. 713-726, set./dez. 2013. DOI: https://doi.org/10.5902/1984686X7675

CENTER FOR APPLIED SPECIAL TECHNOLOGY. Universal design for learning guidelines. Wakefield/EUA: [s. n.], 2014. Disponível em: https://udlguidelines.cast.org/. Acesso em: 30 mar. 2021.

DAINEZ, D.; SMOLKA, A. L. B. O conceito de compensação no diálogo de Vygotsky com Adler. Educação e Pesquisa, São Paulo: USP, v. 40, n. 4, p. 1093-1108, out./dez. 2014. DOI: https://doi.org/10.1590/S1517-97022014071545

DAMIANI, M. F. Entendendo o trabalho colaborativo em educação e revelando seus benefícios. Educar, Curitiba, UFPR, n. 31, p. 213-230, 2008. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-40602008000100013

ENGESTRÖM, Y. Learning by expanding: an activity-theoretical approach to developmental research. Helsinki: Orienta-Konsultit, 1987.

GARCIA, R. M. C. A educação de sujeitos considerados portadores de deficiência: contribuições vigotskianas. Ponto de Vista, Florianópolis, v. 1, n.1, p. 42-46, jul./dez 1999.

GARCIA, R. M. C.; MICHELS, M. H. Política de educação especial e currículo: disputas sobre natureza, perspectiva e enfoque. Revista Teias, Rio de Janeiro, v. 19, n. 55, p. 54-69, out./dez. 2018. DOI: https://doi.org/10.12957/teias.2018.37239

JANNUZZI, G. M. A educação do deficiente no Brasil: dos primórdios ao início do século XXI. 3. ed. Campinas: Autores Associados, 2012.

KONDER, L. O que é dialética. São Paulo: Abril Cultural: Brasiliense, 1985.

KRANZ, C. R. Educação matemática na perspectiva inclusiva. In: MARTINS, L. A. R.; SILVA, L. G. S. (org.). Educação inclusiva: pesquisa, formação e práticas. João Pessoa: Ideia, 2015. p. 95-120.

LIMA, M. F. C. O que significa mediar o processo de escolarização de alunos com deficiência intelectual? 2017. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, 2017.

MAGALHÃES, J.; CUNHA, N. M.; SILVA, S. E. Plano Educacional Individualizado (PEI) como instrumento na aprendizagem mediada: pensando sobre práticas pedagógicas. In: GLAT, R.; PLETSCH, M. D. (org.). Estratégias educacionais diferenciadas para alunos com necessidades especiais. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2013. p. 33-48.

MARIN, M.; BRAUN, P. Ensino colaborativo como prática de inclusão escolar. In: GLAT, R.; PLETSCH, M. D. (org.). Estratégias educacionais diferenciadas para alunos com necessidades especiais. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2013. p. 49-64.

MELLO, A. G. Deficiência, incapacidade e vulnerabilidade: do capacitismo ou a preeminência capacitista e biomédica do Comitê de Ética em Pesquisa da UFSC. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 21, n. 10, p. 3265-3276, out. 2016. DOI: https://doi.org/10.1590/1413-812320152110.07792016

MESQUITA, A. M. A.; RODRIGUES, J. R. B.; CASTRO, K. P. A política curricular no contexto da inclusão e seus mecanismos de diferenciação curricular. Revista Teias, Rio de Janeiro, v. 19, n. 55, p. 70-88, out./dez. 2018. DOI: https://doi.org/10.12957/teias.2018.37549

NUERNBERG, A. H. Contribuições de Vygotsky para a educação de pessoas com deficiência visual. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 13, n. 2, p. 307-316, jun. 2008. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-73722008000200013

OLIVEIRA, M. C. P.; PLETSCH, M. D.; OLIVEIRA, A. A. S. Contribuições da avaliação mediada para a escolarização de alunos com deficiência intelectual. Revista Teias, Rio de Janeiro, v. 17, n. 46, p. 72-89, set. 2016. DOI: https://doi.org/10.12957/teias.2016.25499

PACHECO, D.; BASTOS, A. O ensino de ciências a partir do desenho universal para a aprendizagem: possibilidades para a educação de jovens e adultos. 2017. Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino de Ciências) – Universidade Federal do Pampa, Bagé, 2017.

PEREIRA, D. M.; NUNES, D. R. P. Diretrizes para a elaboração do PEI como instrumento de avaliação para educando com autismo: um estudo interventivo. Revista Educação Especial, Santa Maria: UFSM, v. 31, n. 63, p. 939-960, out./dez. 2018. DOI: https://doi.org/10.5902/1984686X33048

PLETSCH, M. D.; GLAT, R. Plano Educacional Individualizado (PEI): um diálogo entre práticas curriculares e processos de avaliação escolar. In: GLAT, R.; PLETSCH, M. D. (org.). Estratégias educacionais diferenciadas para alunos com necessidades especiais. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2013. p. 17-32.

PLETSCH, M. D.; SOUZA, F. F.; ORLEANS, L. F. A diferenciação curricular e o desenho universal na aprendizagem como princípios para a inclusão escolar. Revista Educação e Cultura Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 14, n. 35, p. 264-281, 2017. DOI: https://doi.org/10.5935/2238-1279.20170014

RIBEIRO, G. R. P. S.; AMATO, C. A. H. Análise da utilização do desenho universal para aprendizagem. Cadernos de Pós-Graduação em Distúrbio do Desenvolvimento, São Paulo, v. 18, n. 2, p. 125-151, jul./dez. 2018. DOI: https://doi.org/10.5935/cadernosdisturbios.v18n2p125-151

SANTOS, T. C. C.; MARTINS, L. A. R. Práticas de professores frente ao aluno com deficiência intelectual em classe regular. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v. 21, n. 3, p. 395-408, jul./set. 2015. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-65382115000300006

SOUZA, F. F. et al. Políticas e práticas de educação inclusiva: condições e contradições no cotidiano de uma escola de ensino fundamental. Arquivos analíticos de políticas educativas, Arizona, Estados Unidos: Arizona State University, v. 22, n. 82, p. 1-19, ago. 2014. DOI: https://doi.org/10.14507/epaa.v22n82.2014

TANNÚS-VALADÃO, G.; MENDES, E. G. Inclusão escolar e o planejamento educacional individualizado: estudo comparativo sobre práticas de planejamento em diferentes países. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 23, p. 1-18, 2018. DOI: https://doi.org/10.1590/s1413-24782018230076

TEIXEIRA, S. R. S.; BARCA, A. P. A. O professor na perspectiva de Vygotsky: uma concepção para orientar a formação de professores. Revista de Educação, Ciência e Cultura, Canoas, v. 24, n. 1, p. 71-84, mar. 2019. DOI: https://doi.org/10.18316/recc.v24i1.4584

VIGOTSKI, L. S. Sete aulas de L. S. Vygotsky sobre os fundamentos da pedologia. Rio de Janeiro: E-papers, 2018.

VYGOTSKI, L. S. Obras escogidas: tomo II: pensamiento y lenguaje. Madrid: Visor, 1993.

VYGOTSKI, L. S. Obras escogidas: tomo III: problemas del desarrollo de la psique. Madrid: Visor, 1995.

VYGOTSKI, L. S. Obras escogidas: tomo IV: psicología infantil. 2. ed. Madrid: Visor, 2006.

VYGOTSKI, L. S. Obras escogidas: tomo V: fundamentos de Defectología. Madrid: Visor, 1997.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

ZERBATO, A. P.; MENDES, E. G. Desenho universal para a aprendizagem como estratégia de inclusão escolar. Educação, São Leopoldo: Unisinos, v. 22, n. 2, p. 147-155, abr./jun. 2018. DOI: https://doi.org/10.4013/edu.2018.222.04

Downloads

Publicado

25-05-2022

Como Citar

CENCI, A.; BASTOS, A. R. B. de. Escola para todos e cada um: proposta de síntese entre planejamento coletivo e planejamento individualizado. Roteiro, [S. l.], v. 47, p. e27402, 2022. DOI: 10.18593/r.v47.27402. Disponível em: https://periodicos.unoesc.edu.br/roteiro/article/view/27402. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

Seção temática: Políticas públicas, educação especial e processos de inclusão: perspectivas críticas