A escola a tempo inteiro: um estudo sobre a realidade na escola pública portuguesa
DOI:
https://doi.org/10.18593/r.v46i.26976Palavras-chave:
Escola a tempo inteiro, Atividades de enriquecimento curricular, Escola públicaResumo
O Programa “Escola a Tempo Inteiro” foi implantado em Portugal, a partir de 2006, por meio das “Atividades de Enriquecimento Curricular” que, segundo o discurso político-normativo, pretendia aumentar o período de permanência das crianças nas escolas do 1º ciclo do Ensino Básico, de modo a articular o funcionamento da escola com as necessidades das famílias, mas, ao mesmo tempo, proporcionar aos alunos oportunidades para a sua formação global e diversificada. Assim, este trabalho procura não só compreender como as organizações educativas concretizaram, na sua ação, as demandas do poder central, mas também problematizar se as dinâmicas pedagógicas corresponderam às necessidades e interesses das crianças, contribuindo para um desenvolvimento global e equilibrado. Metodologicamente, realizamos a investigação associando a análise documental e a metanálise de estudos sobre a realidade do contexto escolar português ao estudo de caso desenvolvido numa organização educacional (Agrupamento de Escolas Aventura). Concluímos que o Programa “Escola a Tempo Inteiro” se configurou, especialmente, como uma solução para a ocupação dos tempos em que os pais não podem estar com os filhos, não respondendo aos interesses e necessidades efetivos das crianças. A longa permanência na escola em atividades demasiado orientadas não parece contribuir para um tempo pedagogicamente rico, de modo a contribuir para o desenvolvimento global e equilibrado das crianças.
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