Política afirmativa na Universidade Federal do Rio Grande do Sul: as ações de permanência estudantil na concepção das gestoras e dos gestores
DOI:
https://doi.org/10.18593/r.v48.30133Palavras-chave:
Política Afirmativa, Educação Superior, Permanência EstudantilResumo
Resumo: O artigo nalisa o processo de institucionalização da política afirmativa para a educação superior na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), dando foco à permanência dos/das acadêmicos/as cotistas a partir dos significados estabelecidos pelos atores que atuam na macrogestão da academia. Para tal, utiliza-se, como referencial teórico, uma noção de justiça social que incorpora a necessidade de reparação/transformação em três dimensões: socioeconômica (classe social), cultural (identidades e status) e política (participação política). A base epistemológica-metodológica centra-se nas premissas da análise crítica do discurso, a entender que o discurso não só está determinado pelas instituições e estruturas sociais, mas que é parte constitutiva delas, isto é, que o discurso constrói o social como prática, atuando tanto como reprodutor das estruturas sociais quanto seu transformador. Em termos de resultados, a pesquisa revela que a UFRGS carece de enfrentar desafios substanciais referentes à implementação de ações de permanência estudantil que considerem a diversidade social, econômica e cultural dos/das estudantes cotistas oriundos/das dos meios populares. Ademais, o estudo demonstra que a universidade ainda possui uma organização acadêmica bastante condicionada por bases institucionais voltadas para o ensino das elites brasileiras.
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