Processos de ressignificação após a BNCC: aspectos da produção curricular em Mato Grosso

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18593/r.v46i0.23803

Palavras-chave:

BNCC, Ressignificação, Currículo, Perspectiva discursiva

Resumo

Este texto discute a ressignificação curricular após a normatização da Base Nacional Comum Curricular - BNCC (BRASIL, 2018; Resolução CNE/CP nº 2/2017 (BRASIL, 2017a) e Parecer CNE/CP nº 15/2017 (BRASIL, 2017b)), entendida como política educacional regulatória ampla que projeta sentidos, identidades e garantias para a Educação Básica. Objetiva abordar o processo reformista (BALL, 2002, 2010) a partir da realidade de Mato Grosso, de modo a descrever a lógica de cascateamento proposta pelo Ministério da Educação (MEC) nos dois primeiros ciclos de implementação da BNCC. Tendo em vista a negociação global e local, são apresentados sentidos que indicam a fragilidade do conceito de implementação como norteador para a proposição de um “novo currículo” às escolas (MATO GROSSO, 2018). Como aporte teórico, o trabalho em tela pauta-se na compreensão de Política de Ball (2002, 2010), Mainardes (2006, 2018) e na perspectiva discursiva, de Lopes (2011). Como estratégia analítica, o trabalho recorre aos pressupostos da Análise Retórica, conforme proposto por Leach (2002) e Charaudeau e Maingueneau (2008). Os resultados indicam a produção curricular como ação dinâmica e passível de ressignificação em realidades diversas. Nesse sentido, a experiência de produção curricular no contexto mediador das políticas – as secretarias de educação – tendem a tanto reproduzir aspectos mandatários para outros locais, conduzindo práticas discursivas de normatização conforme o Ministério da Educação, como ressignificar a intencionalidade educativa projetada para um âmbito normativo mais restrito, em municípios e escolas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Geniana Santos, UFMT

Licenciada em Letras, Língua Portuguesa e Literaturas e em Pedagogia, Mestre em Educação (UFMT) e Doutora em Educação (UERJ), já atuou em todas as etapas da educação básica, como professora (2004 -2017), Assessora Técnica Pedagógica e Coordenadora de Educação Infantil e Ensino Fundamental na Superintendência de Políticas para a Educação Básica (2017-2019) e no Ensino Superior (2009- atual). Atualmente é professora da Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Educação, Departamento de Ensino e Organização Escolar, leciona as disciplinas de Didática, Fundamentos e Metodologias da Linguagem, Práticas Educativas e Seminários Temáticos. Desenvolve Pesquisas na área das Políticas Curriculares, Políticas de Leitura, Ensino da Língua Portuguesa e da Literatura.

Referências

BALL, S. Reformar escolas/reformar professores e os terrores da performatividade. Revista Portuguesa de Educação, Braga, v. 15, n. 2, p. 3-23, 2002.

BALL, S. Performatividades e fabricações na economia educacional: rumo a uma sociedade performativa. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 35, n. 2, p. 37-55, maio/ago. 2010.

BALL, S.; BOWE, R. Subject departments and the “implementation” of National Curriculum policy: an overview of the issues. Journal of Curriculum Studies, Londres, v. 24, n. 2, p. 97-115, 1992. DOI: https://doi.org/10.1080/0022027920240201

BRASIL. Guia de implementação da Base Nacional Comum Curricular: orientações para o processo de implementação da BNCC. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2018. Disponível em: http://implementacaobncc.com.br/wp-content/uploads/2018/06/guia_de_implementacao_da_bncc_2018.pdf. Acesso em: 26 out. 2019.

BRASIL. Parecer CNE/CP nº 15/2017. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília, DF: Secretaria de Educação Básica, Ministério da Educação, Conselho Nacional de Educação, [2017a]. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2017-pdf/78631-pcp015-17-pdf/file. Acesso em: 5 jun. 2018.

BRASIL. Programa de Apoio à implementação da BNCC – ProBNCC: documento orientador. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2019. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/doc_orientador_probncc_2019.pdf. Acesso em: 26 out. 2019.

BRASIL. Resolução CNE/CP Nº 2, de 22 de dezembro de 2017. Institui e orienta a implantação da Base Nacional Comum Curricular, a ser respeitada obrigatoriamente ao longo das etapas e respectivas modalidades no âmbito da Educação Básica. Brasília, DF: Ministério da Educação, Conselho Nacional de Educação, Conselho Pleno, [2017b]. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/historico/RESOLUCAOCNE_CP222DEDEZEMBRODE2017.pdf. Acesso em: 5 jun. 2018.

CHARAUDEAU, P.; MAINGUENEAU, D. Dicionário de Análise do Discurso. São Paulo: Contexto, 2008.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2008.

GUNTHER, H. Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa: esta é a questão? Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 22, n. 2, p. 201-209, 2006. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-37722006000200010

LACLAU, E. A razão populista. Tradução: Carlos Eugênio Marcondes de Moura. São Paulo: Três Estrelas, 2013.

LEACH, J. Análise Retórica. In: BAUER, M. W.; GASKELL, G. (org.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Tradução: Pedrinho A. Guareschi. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. p. 293-318.

LIMA, L. C. A escola como organização educativa: uma abordagem sociológica. São Paulo: Cortez, 2001.

LIMA, M. A. de. A retórica em Aristóteles: da orientação das paixões ao aprimoramento da eupraxia. Natal: IFRN, 2011.

LOPES, A. C. Discurso nas políticas de currículo. Rio de Janeiro: Faperj, 2011.

LOPES, A. C. Itinerários formativos na BNCC do Ensino Médio: identificações docentes e projetos de vida juvenis. Revista Retratos da Escola, Brasília, DF, v. 13, n. 25, p. 59-75, jan./maio 2019. DOI: http://dx.doi.org/10.22420/rde.v13i25.963 DOI: https://doi.org/10.22420/rde.v13i25.963

LOPES, A. C. Normatividade e intervenção política: em defesa de um investimento radical. In: LOPES, A. C.; MENDONÇA, D. (org.). A Teoria do Discurso de Ernesto Laclau: ensaios críticos e entrevistas. São Paulo: Annablume, 2015. p. 117-147.

LOPES, A. C. Teorias pós-crítica, política e currículo. Educação, Sociedade & Culturas, Porto, n. 39, p. 7-23, 2013.

MACEDO, E. Base Nacional Curricular Comum: novas formas de sociabilidade produzindo sentidos para a educação. Revista e-Curriculum, São Paulo, v. 12, n. 3, p. 1530-1555, out./dez. 2014.

MAINARDES, J. A abordagem do ciclo de políticas: explorando alguns desafios da sua utilização no campo da Política Educacional. Jornal de Políticas Educacionais, Curitiba, v. 12, n. 16. p. 1-19, ago. 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.5380/jpe.v12i0.59217 DOI: https://doi.org/10.5380/jpe.v12i0.59217

MAINARDES, J. Abordagem do ciclo de políticas: uma contribuição para a análise de políticas educacionais. Educação & Sociedade, Campinas, v. 27, n. 94, p. 47- 69, jan./abr. 2006. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-73302006000100003

MAINARDES, J.; MARCONDES, M. I. Entrevista com Stephen J. Ball: um diálogo sobre justiça social, pesquisa e política educacional. Educação & Sociedade, Campinas, v. 30, n. 106, p. 303-318, jan./abr. 2009. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-73302009000100015

MATO GROSSO. Documento de Referência Curricular para Mato Grosso: concepções para a Educação Básica. Cuiabá: SEDUC/MT, 2018. Disponível em https://drive.google.com/file/d/12IdfeadygzgIyA2FnyYB0tpHZiYSJw9p/view. Acesso em: 10 dez. 2019.

MINAYO, M.; DESLANDES, S. F.; GOMES, R. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 1994.

Downloads

Publicado

24-09-2020

Como Citar

SANTOS, G. Processos de ressignificação após a BNCC: aspectos da produção curricular em Mato Grosso. Roteiro, [S. l.], v. 46, p. e23803, 2020. DOI: 10.18593/r.v46i0.23803. Disponível em: https://periodicos.unoesc.edu.br/roteiro/article/view/23803. Acesso em: 4 nov. 2024.

Edição

Seção

Seção temática: Uma alternativa às políticas curriculares centralizadas