Problematizando o papel de intérpretes surdos(as) em escolas regulares

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18593/r.v46i.25154

Palavras-chave:

Intérpretes surdos(as), Escolas regulares, Língua de sinais

Resumo

Resultado de uma pesquisa de tese de doutorado em Educação, este artigo problematiza a forma de incorporação do trabalho de pessoas surdas na função de intérpretes em escolas regulares de João Pessoa – PB. A pesquisa qualitativa ancorou-se no escopo teórico dos Estudos Surdos em articulação com o campo dos Estudos Culturais da Educação e foi desenvolvida com profissionais surdos(as) de sete escolas públicas. As análises das entrevistas apontaram que as pessoas surdas não possuíam formação na área de tradução-interpretação; seus salários eram inadequados, uma vez que, mesmo alguns(algumas) tendo formação em nível superior, recebiam salário de nível médio; e, principalmente, as condições de uso linguístico desse trabalho eram questionáveis, considerando que a tradução/interpretação deveria ser realizada da língua oral para a língua de sinais e vice-versa (tradução intermodal).

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Lucas Romário, Universidade Federal do Cariri (UFCA)

Doutor em Educação pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Professor Adjunto da Universidade Federal do Cariri (UFCA). Líder do Grupo de Pesquisas em Estudos Surdos e Estudos Culturais da Educação - SURDEC (UFCA/CNPq). Desenvolve atividades e projetos de ensino, pesquisa, extensão e cultura a partir dos seguintes temas: estudos surdos, pedagogia surda, trabalho pedagógico surdo, inclusão, educação bilíngue, acessibilidade, estudos culturais e currículo.

Ana Dorziat, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)

Doutora em Educação pela Universidade Federal de São Carlos, com pós-doutorado pela Universidade de Lisboa/PT. Foi professora titular pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), onde atuou no período 2002-2019. Atualmente é professora visitante da Universidade Federal de Campina Grande-PB. É líder do Grupo de Pesquisa, intitulado "Alteridade e Inclusão", cadastrado no CNPq e certificado pela UFPB. Tem interesse nos temas: estudos surdos, políticas de inclusão e currículo.

Referências

BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 2005.

CAMPELLO, A. R. Intérprete surdo de Língua de Sinais Brasileira: o novo campo de tradução/interpretação cultural e seu desafio. Cadernos de Tradução, v. 11, n. 33, p. 143-167. jan./jun. 2014. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-7968.2014v1n33p143

CARVALHO, D. J. Não basta ser surdo para ser professor: as práticas que constituem o ser professor surdo no espaço da inclusão. 2016. 148 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Centro de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2016.

CUNHA, M. I. Conta-me agora! As narrativas como alternativas pedagógicas na pesquisa e no ensino. Rev. Fac. Educ., v. 23, n. 1-2, p. 185-195, jan./dez. 1997. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-25551997000100010

DENZIN; N. K.; LINCOLN, Y. S. Introdução: a disciplina e a prática da pesquisa qualitativa. In: DENZIN; N. K.; LINCOLN, Y. S. (org.). O planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. Tradução: Sandra Regina Netz. Porto Alegre: Artmed, 2006. p. 15-41.

DORZIAT, A.; ARAÚJO, J. R.; SOARES, F. P. O direito dos surdos à educação: que educação é essa? In: DORZIAT, A. (org.). Estudos surdos: diferentes olhares. 2. ed. Porto Alegre: Mediação, 2017. p. 19-60.

DORZIAT, A. Educação de surdos em tempos de inclusão. Revista Educação Especial, v. 28, n. 52, p. 351-364. maio/ago. 2015. DOI: https://doi.org/10.5902/1984686X14961

FERREIRA, J. G. D. Os intérpretes surdos e o processo interpretativo interlíngue intramodal gestual-visual da ASL para Libras. 2019. 135 f. Dissertação (Mestrado em Estudos da Tradução) – Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução, Centro de Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2019.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO. Microdados Censo Escolar 2012. Brasília, DF: INEP, 2012. Disponível em: ftp://ftp.inep.gov.br/microdados/micro_censo_escolar_2012.zip. Acesso em: 10 fev. 2019.

JAKOBSON, R. Linguística e comunicação. 24. ed. São Paulo: Cultrix, 2007.

LIMA, N. M. F. A inclusão escolar de surdos: o dito e o feito. In: LODI, A. C. B.; MÉLO, A. D. B.; FERNANDES, E. (org.). Letramento, bilinguismo e educação de surdos. Porto Alegre: Mediação, 2012. p. 303-332.

LOPES, M. C.; MENEZES, E. P. C. Inclusão de alunos surdos na escola regular. Cadernos de Educação, n. 36, p. 69-90, maio/ago. 2010.

LOPES, M. C. Surdez & Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

MARTINS, V. R. O.; NASCIMENTO, L. C. R. Educação de surdos e as resistências na atualidade: diálogos necessários sobre a educação e a função de intérpretes educacionais. Revista Espaço, n. 46, p. 97-117, jul./dez. 2016.

MEYER, D. E. E. et al. “Você aprende. A gente ensina?” Interrogando relações entre educação e saúde desde a perspectiva da vulnerabilidade. Cad. Saúde Pública, v. 22, n. 6, p. 1335-1342, 2006. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-311X2006000600022

MUNDAY, J. Key concepts. In: MUNDAY, J. (org.). The Routledge Companion to Translation Studies. NewYork: Routledge, 2009. p. 166-240. DOI: https://doi.org/10.4324/9780203879450

PERLIN, G. Inclusão escolar: desafios. [S. l.: s. n.], 2007. Disponível em:

http://proex.pucminas.br/sociedadeinclusiva/anaispdf/gladis.pdf. Acessado em: 20 jan. 2020.

QUADROS, R. M. O tradutor e intérprete de língua brasileira de sinais e língua portuguesa. Brasília: MEC; SEESP, 2004.

RODRIGUES, C. H. Formação de intérpretes e tradutores de língua de sinais nas universidades federais brasileiras: constatações, desafios e propostas para o desenho curricular. Translatio, v. 15, p. 197-222, 2018.

ROMÁRIO, L. Pedagogia surda: cultura, diferença e construção de identidades. Curitiba: CRV, 2018. DOI: https://doi.org/10.24824/978854442314.1

SEGALA, R. Tradução intermodal e intersemiótica/interlinguística: português escrito para a língua de sinais. Dissertação (Mestrado em Estudos da Tradução) – Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução, Centro de Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2010.

SILVA, L. R. O trabalho pedagógico surdo na escola regular. 2020. 240 f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Centro de Educação, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2020.

SILVEIRA, R. M. H. A entrevista na pesquisa em educação – uma arena de significados. In: COSTA, M. V. Caminhos investigativos II: outros modos de pensar e fazer pesquisa em educação. 2. ed. Rio de Janeiro: Lamparina Editora, 2007. p. 117-138.

SKLIAR, C. Os estudos surdos em educação: problematizando a normalidade. In: SKLIAR, C. (org.). A surdez: um olhar sobre as diferenças. 6. ed. Porto Alegre: Mediação, 2013. p. 7-32.

SOUZA, R. M. O professor intérprete de língua de sinais em sala de aula: ponto de partida para se repensar a relação ensino, sujeito e linguagem. Educação Temática Digital, p. 154-170, 2007. DOI: https://doi.org/10.20396/etd.v8i0.697

STROBEL, K. As imagens do outro sobre a cultura surda. 3. ed. rev. Florianópolis: Editora da UFSC, 2013.

Publicado

23-03-2021

Como Citar

ROMÁRIO, L.; DORZIAT, A. Problematizando o papel de intérpretes surdos(as) em escolas regulares. Roteiro, [S. l.], v. 46, p. e25154, 2021. DOI: 10.18593/r.v46i.25154. Disponível em: https://periodicos.unoesc.edu.br/roteiro/article/view/25154. Acesso em: 4 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos de demanda contínua