Modos outros de pesquisar em educação: tecendo narrativas com os fios da decolonialidade
DOI:
https://doi.org/10.18593/r.v49.34784Palavras-chave:
pesquisa, pameduc, memórias, experiências, metodologia decolonialResumo
O Grupo Patrimônio, Memória e Educação (PAMEDUC), vinculado à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), dedica-se à promoção de uma metodologia decolonial que valoriza as narrativas e saberes de comunidades historicamente marginalizadas, especialmente indígenas e afrodescendentes. O grupo, fundado em 2014, tem como principal objetivo construir experiências coletivas de investigação, articuladas com práticas de ensino e extensão, fomentando uma abordagem crítica sobre patrimônios e memórias. Este artigo apresenta um levantamento das pesquisas realizadas no grupo, com ênfase em trabalhos que adotam uma perspectiva decolonial, inspirada em autores como Linda Tuhiwai Smith, Walter Benjamin e Aníbal Quijano. Essas pesquisas procuram romper com as estruturas de conhecimento ocidentais, destacando a importância da autonomia e autodeterminação dos grupos pesquisados e reconhecendo suas histórias como saberes legítimos. A metodologia decolonial adotada pelo grupo PAMEDUC enfatiza o diálogo horizontal, respeitando as particularidades de cada grupo e/ou sujeito e rejeitando a hierarquização do saber ocidental como único válido. O artigo também ressalta a importância de uma metodologia em constante construção, que se adapta às necessidades e contextos dos grupos estudados, e como as pesquisas desenvolvidas têm contribuído para a inclusão e transformação social, especialmente por meio da valorização de vozes marginalizadas e subalternizadas.
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