Narrar a si como doação: experiência, ética e integridade na pesquisa autobiográfica em educação
DOI:
https://doi.org/10.18593/r.v49.34696Palavras-chave:
Autobiografia, Ética, Experiência, Pesquisa em EducaçãoResumo
O presente ensaio tem como objeto a dimensão ética da autobiografia na pesquisa em Educação. A partir de uma abordagem teórica pluralista afirma-se que os caminhos para se trilhar em uma pesquisa são vastos, e ao se deparar com uma folha em branco escolhas precisam ser feitas e que elas sofrem influência do lugar que ocupamos, permeado por pressões externas e o desejo de construir uma pesquisa significativa, para além da adequação técnica. No ato de narrar a si nos doamos ao Outro e ao mundo, implicando em um despojamento de si, um “eis-me aqui” que não exige nada em troca, configurando-se como um ato ético radical. O texto está organizado em duas partes. Na primeira explora a relação da autobiografia com as noções de experiência e escrevivência, a partir de Evaristo (2020a, 2020b) e Larrosa (2017, 2021) e, na segunda, reflete sobre o propriamente ético na pesquisa autobiográfica com o suporte em Levinas (2009) e Souza (2016, 2018). Afirma a autobiografia em educação como a eticidade de um gesto que compreende a quintessência da pesquisa em Educação por indagar sobre como se torna o que se é e por oferecer-se sem exigência de reciprocidade ao Outro.
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