Políticas públicas e ações afirmativas: um caminho (ainda) possível na busca pela igualdade e justiça de gênero no Brasil?
DOI:
https://doi.org/10.18593/ejjl.27309Palavras-chave:
Gênero, Justiça, Políticas Públicas, Ações AfirmativasResumo
O artigo propõe revisar a bibliografia especializada e discutir a função das políticas públicas sob a vertente das ações afirmativas como ferramenta do Estado Democrático de Direito para a busca pela igualdade de gênero. Utiliza-se de levantamento bibliográfico e legislativo, com destaque para artigos de periódicos e coletâneas de livros especializados no tema, bem como de mapeamento histórico das políticas públicas comprometidas com a igualdade de gênero no País. Realiza-se o debate sobre leis de cotas eleitorais para explorar a efetividade das políticas de ação afirmativa na mitigação da desigualdade entre homens e mulheres nos espaços de poder e decisão no Brasil. Aponta-se a importância de referidas ações, vez que remanescem no País a disparidade salarial, a inexpressiva representatividade política, a desigual divisão sexual do trabalho, que historicamente subalternizam as mulheres. Apesar da resistência do Poder Público brasileiro, especialmente a partir de 2016, conclui-se que são essenciais medidas públicas e oficiais que proponham uma nova organização das estruturas de poder.
Downloads
Referências
ANDRADE, Denise Almeida de. Planejamento Familiar: Igualdade de Gênero e Corresponsabilidade. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2017.
BALAKRISHNAN, Konakuppakatil Gopinathan. Presidente da Suprema Corte do Brasil, Supremo Tribunal Federal. Prática do controle de constitucionalidade nos dias de hoje. Palestra proferida em 15 de agosto de 2008. Disponível em: http://www.stf.jus.br/repositorio/cms/portalStfInternacional/portalStfSobreCorte_pt_br/anexo/A_pratica_do_Controle_de_Constitucionalidade_nos_dias_de_hoje.pdf. Acesso em: 10 abr. 2014.
BERCOVICI, Gilberto. Democracia, inclusão social e igualdade. Revista do Instituto de Hermenêutica Jurídica, p. 2, 2006. Disponível em: http://www.publicadireito.com.br/conpedi/manaus/arquivos/anais/XIVCongresso/043.pdf. Acesso em: 14 mar. 2014.
BERNER, Vanessa Oliveira Batista. Movimentos feministas e os 30 anos da Constituição Federal Brasileira: do “Lobby do Batom” aos retrocessos. In: BOLONHA, C.; OLIVEIRA, F. C. S.; ALMEIDA, M.; SEGUNDO, E. P. L. (org.). 30 anos da Constituição de 1988: uma jornada democrática inacabada. Belo Horizonte: Fórum, 2018. p. 341-360.
BERTOLIN, Patrícia Tuma Martins; KAMADA, Fabiana Larissa. Ausentes ou invisíveis? A participação das mulheres nos sindicatos. Revista Caderno Espaço Feminino, 2012. Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/neguem/article/view/13656. Acesso em: 30 ago. 2013.
BERTOLIN, Patrícia Tuma Martins. Mulheres na advocacia: padrões masculinos de carreira ou teto de vidro. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2017. 260 p.
BIROLI, Flávia. Gênero e desigualdades: limites da democracia no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2018.
BUCCI, Maria Paula Dallari. Fundamentos para uma Teoria Jurídica das políticas Públicas. São Paulo: Saraiva, 2013.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição Federal, de 05 de outubro de 1988. Brasília.
BRASIL. Senado Federal. Consulta Pública. Projeto de Lei n. 2235 de 2019. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/ecidadania/visualizacaomateria?id=136302. Acesso em:13 nov. 2021.
CAMPOS, Luiz Augusto; FERES JÚNIOR, João. GLOSSÁRIO Ações afirmativas. Nexo políticas públicas, 2021. Disponível em: https://pp.nexojornal.com.br/glossario/A%C3%A7%C3%B5es-afirmativas. Acesso em: 10 out. 2021.
CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM - COFEN. PERFIL DA ENFERMAGEM NO BRASIL. Brasil, 2013. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/perfilenfermagem/index.html. Acesso em: 20 mar. 2022.
CROSBY, Faye J.; CORDOVA, Diana I. Words worth of wisdom: Toward an understanding of affirmative action. Journal of Social issues, v. 52, n. 4, p. 33-49, 1996. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1540-4560.1996.tb01847.x
DIXON, Thomas P. Dr. King and Martin Luther on Law: Politics, Theology, and Captivity. Black Theology, v. 19, n. 1, p. 18-31, 2021. DOI: https://doi.org/10.1080/14769948.2021.1895559
DWORKIN, Ronald. Igualdade como Ideal. Novos Estudos, n. 77, mar. 2007. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-33002007000100012
FERES JÚNIOR, Joao. Comparando justificações das políticas de ação afirmativa: EUA e Brasil. Estudos Afro-Asiáticos, n. 29, p. 63-84, 2007.
FILGUEIRAS, Cristina Almeida Cunha. Trabalho, Sociedade e Políticas Sociais. Cad. Pesq., São Paulo, n. 97, p. 14, maio 1996. Disponível em: http://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/cp/arquivos/370.pdf. Acesso em: 12 jul.2013.
FRASER, Nancy. La justicia social en la era de la política de identidad: redistribución, reconocimiento y participación. Revista del Trabajo, año 4, n. 6, ago./dic. 2008.
FRASER, Nancy. Da redistribuição ao reconhecimento? Dilemas da Justiça numa era “pós-socialista”. Cadernos de Campo, São Paulo, n. 14/15, p. 231-239, 2006. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v15i14-15p231-239
FRASER, Nancy. Mapeando a imaginação feminista: da redistribuição ao reconhecimento e à representação. Estudos Feministas, Florianópolis, v., 15, n. 2, maio/ago. 2007. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-026X2007000200002
FRASER, Nancy. Social Justice in the Age of Identity Politics: Redistribution, Recognition, and Participation. The Tanner Lectures on Human Values. California: Stanford University, 1996.
GOMES, Joaquim Benedito Barbosa. A recepção do instituto da ação afirmativa pelo Direito Constitucional Brasileiro. Revista de informação legislativa, Brasília, DF, v. 38, n. 151, p. 130, 2001. Disponível em: http://www.adami.adv.br/artigos/19.pdf. Acesso em: 10 mai. 2013.
IBGE. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira: 2018 / IBGE, Coordenação de População e Indicadores Sociais. Rio de Janeiro: IBGE, 2018.
JUCÁ, Roberta Laena Costa. Fictícias: Candidaturas de mulheres e violência política de gênero. Fortaleza: Editora Radiadora, 2020.
KERSTENETZKY, Célia Lessa. Políticas Sociais: Focalização ou universalização? Revista de Economia Política, n. 04(104), v. 26, p. 568, 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rep/v26n4/06.pdf. Acesso em: 20 jan. 2013. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-31572006000400006
KROSNICK, Jon A.; CHIANG, I-Chant A.; STARK, Tobias H. Political Psychology: New Explorations (Frontiers of Social Psychology). Psychology Press. 2016. DOI: https://doi.org/10.4324/9781315445687
LEWANDOWSKI, Ricardo. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 186. Sessão de 25 de abril de 2012, p. 7. Disponível em: www.stf.jus.br/portal/cms/noticiaNoticiaStf/anexoADPF186RL.pdf. Acesso em: 01 set. 2013.
MACHADO, Maria Helena (coord.). Perfil da enfermagem no Brasil: relatório final: Brasil / coordenado por Maria Helena Machado. Rio de Janeiro: NERHUS - DAPS - ENSP/Fiocruz, 2017.
MACHADO, Monica Sapucaia. Direito Das Mulheres: ensino superior, trabalho e autonomia. São Paulo: Almedina Brasil, 2019.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - MEC; INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA -INEP. Censo da Educação Superior 2017: divulgação dos principais resultados. Brasília, DF, set. 2018. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/setembro-2018-pdf/97041-apresentac-a-o-censo-superior-u-ltimo/file. Acesso em: 26 ago. 2019.
MOEHLECKE, Sabrina. Ação afirmativa: história e debates no Brasil. Cadernos de Pesquisa, n. 117, p. 198, 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cp/n117/15559.pdf. Acesso em: 20 abr. 2013. DOI: https://doi.org/10.1590/S0100-15742002000300011
NAÇÕES UNIDAS. INTERNATIONAL CONVENTION: International Convention on the Elimination of All Forms of Racial Discrimination. 1965. Disponível em: https://www.ohchr.org/sites/default/files/cerd.pdf. Acesso em: 01 mar. 20223.
NOON, Mike. The shackled runner: time to rethink positive discrimination? Work, Employment And Society, [s.l.]: SAGE Publications, v. 24, n. 4, p. 728-739, dez. 2010. DOI: http://dx.doi.org/10.1177/0950017010380648. DOI: https://doi.org/10.1177/0950017010380648
OLIVEN, Arabela Campos. Ações afirmativas, relações raciais e política de cotas nas universidades: Uma comparação entre os Estados Unidos e o Brasil. Educação, v. 30, n. 1, 19 jun. 2007. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/view/539. Acesso em: 10 mar. 2022.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - ONU. Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres: CEDAW. Nova York: ONU, 1979.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - ONU MULHERES. DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA. Brasil. Disponível em: https://www.onumulheres.org.br/onu-mulheres/documentos-de-referencia/. Acesso em: 10 mar. 2022.
PETERSON, Steven A. The Pennsylvania State University at Harrisburg, Middletown. Encyclopedia of Public Administration and Public Policy: KZ, v. 2, p. 1030, 2003.
PIMENTEL, Silvia. Experiências e Desafios: Comitê sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW/ONU). Relatório bienal de minha participação. Brasília, DF, Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, 2008. p. 17-18.
PINHEIRO, Luana Simões. Vozes Femininas na Política: uma análise sobre parlamentares no pós-constituinte. Secretaria Especial de Política para as Mulheres, 2007. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-69922006000300025
PIOVESAN, Flavia. O progresso das mulheres no Brasil. In: UNIFEM, Brasília, DF: Fundação Ford, 2006, p. 48. Disponível em: http://www.unifem.org.br/sites/700/710/progresso.pdf. Acesso em: 13 mar. 2014.
PITANGUY, Jacqueline. A Carta das Mulheres Brasileiras aos Constituintes: memórias para o futuro. In: BERTOLIN, Patrícia Tuma Martins; MACHADO, Monica Sapucaia; ANDRADE, Denise Almeida de (org.). Carta das Mulheres Brasileiras aos Constituintes: 30 anos depois. São Paulo: Autonomia Literária, 2018. p. 11 - 35.
POCHMANN, Marcio. Estado e capitalismo no Brasil: a inflexão atual no padrão das políticas públicas do ciclo político da Nova República. Educ. Soc., Campinas, v. 38, n. 139, p. 309-330, June 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302017000200309&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 27 ago. 2019. DOI: https://doi.org/10.1590/es0101-73302017176603
SANTOS, Jucélio Teles dos; QUEIROZ, Delcele Mascarenhas. Sistema de Cotas: um multiculturalismo brasileiro? Ciência e Cultura, São Paulo, v. 59, n. 2, 2007.
SCOTT, Joan. El género: uma categoria útil para el análisis histórico. 1996. Disponível em: https://www.fundacionhenrydunant.org/images/stories/biblioteca/derechos_economicos_sociales_culturales_genero/El%20Genero%20Una%20Categoria%20Util%20para%20el%20Analisis%20Historico.pdf. Acesso em: 08 ago. 2019.
SCOTT, Joan. O enigma da Igualdade. Florianópolis. Estudos Feministas, p. 18, jan./abr. 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ref/v13n1/a02v13n1.pdf. Acesso em: 20 abr. 2013. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-026X2005000100002
SECRETARIA DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES – SPM. Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, 2011. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/institucional/omv/entenda-a-violencia/pdfs/pacto-nacional-pelo-enfrentamento-a-violencia-contra-as-mulheres Acesso em: 26 ago. 2019.
SOARES, Maria Victoria de Mesquita Benevides. Educação para a democracia. Lua Nova: Revista de cultura e política, n. 38, p. 223-237, 1996. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-64451996000200011&script=sci_arttext&tlng=es. Acesso em: 14 mar. 2014. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-64451996000200011
SOUZA, Celina. Políticas públicas: uma revisão da literatura. Sociologias, Porto Alegre, n. 16, p. 20-45, Dec. 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-45222006000200003&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 16 fev. 2021. DOI: https://doi.org/10.1590/S1517-45222006000200003
TIBURI, Márcia. Democracia feminista. Revista Cult., 2015. Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/democracia-feminista/. Acesso em: 11 nov. 2021.
TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL - TSE. Disponível em: http://www.tse.jus.br/eleicoes/estatisticas/estatisticas-eleitorais. Acesso em: 20 ago. 2019.
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Monica Sapucaia Machado, Denise Almeida de Andrade
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
DIREITOS AUTORAIS: Autores mantêm os direitos autorais e concedem ao periódico o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial neste periódico.
CONTRATOS ADICIONAIS E DISTRIBUIÇÃO. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.
DIREITOS DE REUTILIZAÇÃO: A Revista Espaço Jurídico adota a Licença Creative Commons, CC BY-NC (atribuição não comercial) conforme a Política de Acesso Aberto ao conhecimento adotado pelo Portal de Periódicos da Unoesc.
Com essa licença é permitido acessar, baixar (download), copiar, imprimir, compartilhar, reutilizar e distribuir os artigos, desde que para uso não comercial e com a citação da fonte, conferindo os devidos créditos de autoria e menção à Revista Espaço Jurídico. Assim, nenhuma permissão prévia será necessária por parte de autores ou editores da EJJL.