Educação para o Bem-comum: a formulação ética de Tomás de Aquino na Universidade Parisiense (século XIII)
Resumen
Neste trabalho, objetivou-se tecer algumas considerações acerca da relação entre conhecimento e transformações sociais no Ocidente medievo (século XIII). Situando-se no âmbito da educação, interessa, sobretudo, discutir a formulação ética de Tomás de Aquino (1224?-1274), composta no seio da nascente Universidade de Paris. O surgimento das novas instituições dedicadas ao saber – universidades –, onde se produziram novas concepções teóricas, foi resultado das profundas modificações que ocorreram na sociedade a partir do Ano Mil (ULLMANN, 2000; VERGER, 1990; OLIVEIRA, 2005a e 2005b; LAUAND, 2004). Neste artigo, focalizando especialmente as alterações vinculadas à relação entre educação e ética, selecionam-se três questões contidas na Suma de Teologia de Tomás de Aquino: O bem em geral (Iª q. 5), Os preceitos da Caridade (IIª, IIªe, q. 44) e A amizade ou afabilidade (IIª, IIªe, q. 114), analisando-as por meio do contraste com a historiografia atual. Algumas elaborações teológico-filosóficas tomasianas parecem ser essenciais. Para o autor, ser sábio é conhecer a realidade (material e mutável) para, de acordo com essas condições objetivas, agir bem. Esse agir bem se liga diretamente à caridade, entendida não apenas como contemplação, mas substancialmente como ação para e com o próximo, ou seja, em benefício mútuo. Finalmente, por considerar o homem como animal social, ele concebe a amizade – busca da harmonia, sem o temor de tomar posições – como elemento essencial. Compreende-se que o conjunto dessas questões expressa a preocupação do Aquinate com a vida pública e com uma postura educacional de valorização do ensino da ética. Estes seriam os meios que tornariam possível o “bem viver” naquela nova sociedade.
Palavras-chave: Ética e Educação. Educação medieval. Universidade Medieval. Tomás de Aquino.
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