A obrigatoriedade da pré-escola no contexto das parcerias público-privadas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18593/r.v43i2.14184

Palavras-chave:

Educação Infantil, Políticas públicas, Empresariado, Materialismo histórico-dialético

Resumo

Neste texto teve-se como finalidade analisar a obrigatoriedade da pré-escola no Brasil (Lei n. 12.796/2013) e a sua relação com o aprofundamento da participação dos organismos internacionais e do empresariado “socialmente responsável” como formulador de estratégias de implementação de políticas educacionais na Educação Infantil. O percurso metodológico da pesquisa compreendeu análise documental e reconstrução histórica com base na análise crítica marxista que situa o tema estudado no processo de luta de classes. Os resultados mostraram que as parcerias público-privadas na Educação Infantil estão em processo de expansão e fortalecimento, relacionando eficiência dos gastos sociais e investimento na primeira infância. Assim, com argumentos advindos de economistas e de neurocientistas de empresas privadas “socialmente responsáveis”, a Educação Infantil poderia ser resumida a uma etapa da educação que visa ao sucesso escolar no futuro ou a uma forma de se evitar possíveis riscos sociais consequentes da situação de iniquidade social a que as crianças estão expostas.

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Biografia do Autor

Flavia de Figueiredo de Lamare, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)

Doutora em Políticas Públicas e Formação Humana (PPFH), pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Pedagoga/Tecnologista em Saúde Pública na Creche da Fundação Oswaldo Cruz.

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Publicado

30-08-2018

Como Citar

LAMARE, F. de F. de. A obrigatoriedade da pré-escola no contexto das parcerias público-privadas. Roteiro, [S. l.], v. 43, n. 2, p. 781–814, 2018. DOI: 10.18593/r.v43i2.14184. Disponível em: https://periodicos.unoesc.edu.br/roteiro/article/view/14184. Acesso em: 22 jul. 2024.

Edição

Seção

Artigos de demanda contínua