“Movida pela paixão”: gênero, raça e classe no processo criminal de Angela Davis

Autores

  • Ana Gabriela Mendes Braga UnespUnB

DOI:

https://doi.org/10.18593/ejjl.19262

Palavras-chave:

Interseccionalidade, Gênero, Sistema de justiça criminal, Feminismo negro, Angela Davis

Resumo

Este paper apresenta algumas reflexões da pesquisa de Pós-doutoramento denominada “Levada pela paixão”: gênero, raça e classe no processo criminal de Angela Davis que tem por objetivo investigar um caso de produção da subjetividade da mulher criminosa pelo sistema de justiça criminal. Trata-se de um trabalho empírico de natureza qualitativa com uso de análise documental, com o objetivo de compreender a operação discursiva e performática de transformar um ícone- uma intelectual feminista negra, àquela altura já doutora em filosofia- em uma “mulher movida pela paixão”. Inspirada pela epistemologia feminista negra proponho a estratégia do estudo de caso único para pensar os marcadores sociais de classe, raça e gênero articulados no processo criminal de Angela Davis como significativos também em outras experiências no sistema de justiça criminal. Ao final, busco retratar como a experiência de Angela Davis com a justiça criminal e o relato dela sobre a mesma, no duplo ré-autora, pode contribuir na discussão dos processos de criminalização e subjetivação feminina negra, situando esta pesquisa em um debate mais amplo acerca das relações de gênero, raça, classe e direito, o qual nos parece um horizonte necessário e promissor para o campo jurídico e criminológico brasileiro.

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Biografia do Autor

Ana Gabriela Mendes Braga, UnespUnB

ós-doutoranda (2018) na Universidade em Brasília (UNB). Doutora (2012) e mestra (2008) em Direito Penal e Criminologia pela Universidade de São Paulo (USP), graduada em Direito pela mesma instituição. Gozou de bolsa CAPES de doutorado (sanduíche) junto ao Departamento de Antropologia da Universitat de Barcelona (2011). Professora da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da UNESP nos cursos de Graduação e Mestrado em Direito, aonde exerce a chefia do Departamento de Direito Público. Coordena o NEPAL (Núcleo de Estudos e Pesquisa em Aprisionamentos e Liberdades) e o projeto de Extensão C.E.L. (Cárcere, Expressão e Liberdade). Compõe o Comitê Executivo da Rede de Pesquisa Empírica em Direito (REED). Foi coordenadora adjunta do Núcleo de Pesquisas do IBCCRIM e é pesquisadora do NADIR (Núcleo de Antropologia do Direito) da USP. Tem experiência em pesquisa empírica em direito, prisão e estudos de gênero; assim como na coordenação de equipes de pesquisa. Com publicações nas temáticas de prisão; gênero e sistema de justiça criminal; encarceramento feminino; epistemologia feminista; extensão universitária; metodologia da pesquisa científica; etc. - disponíveis na página http://unesp.academia.edu/AnaGabrielaBraga. Autora da obra "Preso pelo estado e vigiado pelo crime - as leis do cárcere e a construção da identidade na prisão" e coordenadora das pesquisas do Projeto Pensando o Direito (MJ/ IPEA): "Dar à luz na sombra" e ́Diagnóstico dos Serviços Prisionais no Brasil".

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Publicado

12-12-2019

Como Citar

Braga, A. G. M. (2019). “Movida pela paixão”: gênero, raça e classe no processo criminal de Angela Davis. Espaço Jurídico Journal of Law [EJJL], 20(2), 435–448. https://doi.org/10.18593/ejjl.19262