AS RELAÇÕES ENTRE ESCRITA CIENTÍFICA E SOFRIMENTO PSICOLÓGICO NA PERSPECTIVA DE ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO
Resumo
Introdução: A produção científica faz parte do processo formativo dos estudantes de graduação. Seja na
construção de relatórios, pareceres técnicos, artigos, projetos de intervenção e, até mesmo, na composição de
materiais de divulgação profissional, a habilidade textual é sempre um diferencial. Contudo, a ação de articular
palavras na forma de texto não é uma tarefa mecânica e simplista, uma vez que nos convida a refletir não apenas
sobre a qualidade de nosso aprendizado, mas sobretudo, a respeito de como nos (re)posicionamos nas relações
que tornaram este aprendizado possível. Neste percurso, muitos desafios e dificuldades podem surgir e evoluir para situações de sofrimento psicológico. Objetivo: O presente estudo foi desenvolvido com o objetivo de analisar as relações entre produção científica e sofrimento psicológico na perspectiva de estudantes que estão em processo
de construção do Trabalho de Conclusão de Curso. Método: Para atingir tal objetivo, optamos pela realização de cinco grupos focais junto ao total de quinze estudantes vinculados às Ciências da Vida e da Saúde e Ciências Humanas e Sociais de uma universidade situada na região oeste catarinense. A partir da transcrição das gravações dos grupos focais, buscamos tecer reflexões junto à Teoria da Complexidade de Edgar Morin. Resultados: Constatamos que as principais dificuldades enfrentadas pelos estudantes giram em torno dos seguintes eixos: a) conciliação das atividades acadêmicas com as atividades de trabalho; b) condições relacionadas a privacidade (não distração) no âmbito de suas residências; c) relação com o (a) professor (a) orientador (a), d) compreensão da linguagem técnica e de definições conceituais das fontes bibliográficas acessadas, e) processo de síntese de informações, e f) comparação com os colegas. Como sintomas de sofrimento psicológico reconhecidos como estando diretamente relacionados à produção do Trabalho de Conclusão de Curso, foram listados pelos estudantes: a) ansiedade, b) estresse, c) insônia, d) tristeza, e) alterações no comportamento alimentar, f) sentimento de incompetência e g) sensação de esvaziamento de sentido. Conclusão: Concluímos, assim, que as vivências particulares dos estudantes repercutem na produção científica e vice-versa. Se faz, deste modo, urgente e necessário pensar em estratégias de acompanhamento compromissadas com a construção de um ambiente de aprendizado cada vez mais humanizado.