EFICÁCIA DIAGNÓSTICA DOS ACHADOS HISTOPATOLÓGICOS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL EM UMA ÉGUA COM MIELOENCEFALITE PROTOZOÁRIA - RELATO DE CASO
Resumo
Introdução: A Mieloencefalite Protozoária Equina (EPM) é uma doença infecciosa, de caráter agudo a crônico, causada pelo protozoário Sarcocystis neurona. Os equinos são hospedeiros intermediários no ciclo biológico do protozoário, sendo infectados pela ingestão de esporocistos do parasita, excretados nas fezes dos hospedeiros definitivos (Didelphis spp.). O diagnóstico da doença consiste nos exames físicos neurológicos, acompanhado de análises histopatológicas e imunodiagnóstico em soro e/ou líquor. Objetivo: Avaliar a eficácia dos achados histopatológicos do sistema nervoso central de um equino positivo para EPM via imunodiagnóstico. Método: Uma égua Crioula, com 6 anos de idade, criada a pasto no interior de Campo-Erê, SC, apresentou sintomatologia clássica de EPM e, após isolamento, foi submetida a tratamento com endoparasiticida (diclazuril), anti-inflamatório (flunixina-meglumina), analgésico (dipirona) e complexo vitamínico. No entanto, o animal evoluiu a óbito no décimo dia de tratamento. Momentos antes foi coletado sangue para realização de hemograma e bioquímica sérica, ficando parte do soro armazenado. Durante a necropsia, inicialmente, foi colhido líquor via punção cervical, e, durante a análise macroscópica, foram colhidas amostras do sistema nervoso central (SNC) e demais órgãos para análises histopatológicas. Amostras do líquor e do soro foram enviadas para imunodiagnóstico em laboratório especializado. Resultados: Na análise histopatológica do SNC, foram observadas pequenas estruturas basofílicas semelhantes a merozoítos em tronco e medula espinhal, além de vasos congestos com moderado edema perivascular, discreto a moderado edema perineural e discretos focos de hemorragia em telencéfalo, tálamo, cerebelo, tronco, ponte e medula espinhal. A observação de merozoítos, associado a presença de manguitos perivasculares e infiltrado inflamatório, no parênquima cerebral são indícios de EPM. Contudo, assim como há casos em que o agente etiológico não é identificado nos cortes histológicos, as estruturas basofílicas observadas podem ser outras estruturas, como porções celulares ou nucleares incompletas devido a superfície de corte ou células em apoptose. Ademais, mesmo os edemas, congestão vascular e hemorragia sendo observados nos casos de EPM, esses sinais não são considerados patognomônicos da infecção. No presente caso, a análise imunodiagnóstica do líquor foi positiva para anticorpos contra S. neurona, demonstrando eficácia no diagnóstico. Assim, torna-se necessária a realização de exames complementares para confirmar o diagnóstico, como as colorações especiais por imunoistoquímica, que detecta o protozoário nos cortes por meio de colorações especiais, ou os testes de imunodiagnóstico, que detectam anticorpos em soro ou líquor. Conclusão: No presente caso, o teste de imunodiagnóstico foi mais eficaz que os achados histopatológicos para o diagnóstico da mieloencefalite protozoária na égua.