CISTO ESPLÊNICO NÃO PARASITÁRIO EM CÃO - RELATO DE CASO
Resumo
Introdução: Os cistos esplênicos são considerados incomuns, há relativamente poucos relatos na literatura médica
humana e nenhum na literatura veterinária. O estabelecimento do diagnóstico clínico depende de elevado índice
de suspeita após descartar outras enfermidades. Em sua maioria, são achados incidentais durante estudos de
imagem ou de necropsia. A maioria dos indivíduos permanece assintomática ou apresenta sintomas inespecíficos
ou relacionados à compressão de órgãos adjacentes. São classificados em: Tipo I (primários ou verdadeiros): cistos
com cápsula epitelial, os quais podem ser de natureza parasitária ou não, podendo ser congênitos, vasculares ou
neoplásicos; Tipo II (secundários ou pseudocistos): não possuem cápsula. Geralmente são decorrentes de trauma,
infecção ou infarto. A maioria deles é solitária e assintomática. Objetivo: Apresentar os achados histopatológicos de um cisto esplênico em um canino. Método: Um cão, SRD, fêmea, com 12 anos de idade, estava em tratamento para cistite recidivante e
propensão a urolitíase. Em exame ultrassonográfico de rotina visibilizou-se um nódulo isolado em baço, sem indícios
de metástases em pulmão e órgãos abdominais. Diante da suspeita neoplásica, optou-se pela esplenectomia. A
peça foi encaminhada para análise anatomopatológica, onde constatou-se lesão arredondada medindo 4,5x4,0x
3,8 cm de tamanho, firme ao toque e ao corte, com superfície de corte de coloração escurecida, e presença de
conteúdo de aspecto gelatinoso e coloração avermelhada. À microscopia, observou-se conteúdo
sero-hemorrágico revestido por uma fina camada de tecido fibroso. O conteúdo sero-hemorrágico era composto
por grande quantidade de hemácias, discreta a moderada presença de linfócitos, debris celulares e
hemossiderócitos, assim como por necrose coagulativa multifocal coalescente. A camada de tecido fibroso
apresentava baixa celularidade e moderada quantidade de fibras colágenas, por vezes descontínuas, e sem
epitélio de revestimento interno. Os núcleos dessas células eram achatados, com cromatina concentrada e sem
nucléolos evidentes. O tecido esplênico adjacente apresentava cápsula íntegra e parênquima congesto, com
moderada hiperplasia de polpa branca. Não foram observadas células atípicas ou com características neoplásicas
e nem foram observadas figuras de mitose. Resultados: Como não há relatos, optou-se pela esplenectomia total,
inclusive, por suspeitar-se de neoplasia. Após o diagnóstico, verificou-se tratar-se de uma afecção não neoplásica e
de prognóstico reservado, devido o risco de ruptura. Assim sendo, o tratamento utilizado foi eficaz; corroborando
com a literatura humana, que recomenda esplenectomia parcial ou total como tratamento em casos de cistos
esplênicos não parasitários. Conclusão: Mesmo sendo rara, o cisto esplênico não parasitário apresenta riscos a vida
do paciente, devendo ser realizada esplenectomia o mais rápido possível.