DEFICIÊNCIA INTELECTUAL EM ALUNOS DAS APAES DO MEIO OESTE DE SANTA CATARINA: UM ESTUDO DOS DIAGNÓSTICOS ETIOLÓGICOS E OPORTUNIDADES DE PREVENÇÃO
Resumo
INTRODUÇÃO: A deficiência intelectual (DI) compõe um transtorno que abrange déficits de função, aprendizagem e de raciocínio, cujo diagnóstico etiológico é de grande relevância para fundamentar a intervenção de profissionais de saúde, além de potencialmente identificar fatores que possam ser alvo de prevenção de novos casos. OBJETIVO: Analisar as principais causas etiológicas para DI, destacando causas potencialmente evitáveis em alunos matriculados nas APAEs do Meio Oeste de Santa Catarina. METODOLOGIA: Estudo transversal com dados secundários dos alunos das APAEs de sete municípios da referida região no período de 2019 e 2023. Os dados foram coletados mediante visita às APAES e acesso aos prontuários físicos e eletrônicos. As análises foram conduzidas no programa Stata 13, por meio de análises descritivas e de associação. RESULTADOS: Foram incluídos 557 alunos com idades entre 4 meses e 81 anos; 51,8% possuíam diagnóstico etiológico definido para sua condição. Dependendo do município estudado, a presença do diagnóstico no prontuário variou consideravelmente (de 25,0% a 77,0%). A presença dessa informação foi mais comum entre alunos de 10 a 19 anos (p<0,001) e não diferiu entre o sexo. A Síndrome de Down foi a causa mais comum (22,6%), e as causas consideradas preveníveis corresponderam a 7,5% de todos os diagnósticos, e incluíram doenças infecciosas e síndrome alcoólica fetal. Dentre as ocorrências perinatais, hipóxia e anóxia neonatais foram mais prevalentes (25,5%) e as demais ocorrências, em sua maioria, foram consideradas manejáveis através de um acompanhamento pré-natal adequado. CONCLUSÕES: Pouco mais da metade dos alunos tinham um diagnóstico etiológico definido, com a Síndrome de Down sendo a causa mais comum. Destaca-se a importância da prevenção e cuidados adequados durante o período perinatal para reduzir as ocorrências preveníveis associadas à DI, representadas por 7,5% das etiologias na região, sobretudo doenças infecciosas como toxoplasmose, poliomielite e meningites, além da síndrome alcoólica fetal.