INTERCOM COMO LENTE DO SEU TEMPO: MEMÓRIAS, SUBVERSÕES E ENFRENTAMENTOS NA CONSTITUIÇÃO DE UM CAMPO CIENTÍFICO

Resumo

A memória é como uma lente que permite visualizar as marcas deixadas em meio às resistências e enfrentamentos ao longo da história. Diante disso, inscreve neste estudo a lembrança de resistência e subversão da Intercom na constituição de um campo científico em meio à Ditadura Militar. O problema investigativo se envereda no seguinte questionamento: quais as interconexões entre os temas abordados pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom)? Este estudo objetiva identificar as interconexões das temáticas da Intercom tratadas na primeira década de sua fundação (1978-1988) com as temáticas tratadas na última década do evento (2012-2022). Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e documental, de abordagem qualitativa e objetivo exploratório. O recorte temporal possui dois tentáculos: a primeira década de criação da Intercom (1978-1988) e a última década da Intercom (2012-2022). Ademais, com o uso da análise de conteúdo, foram definidas as categorias: i) educação, cultura e memória em comunicação; ii) política, esporte, enfrentamentos e mobilização social; iii) crítica social, subversões e desigualdades. Os resultados apontam que há uma preocupação do evento em tecer críticas aos problemas enfrentados pela sociedade no momento em que ele ocorre, de modo que todos estão conectados à potencialidade e legitimação dos interesses da classe menos abastada. As categorias permeiam entre a teoria e a prática de ensino em comunicação, a busca por uma comunicação popular e o papel mediador da comunicação na defesa democrática. Diante disso, conclui-se que, por um lado, a Intercom é uma lente crítica e subversiva à ideologia que objetifica os profissionais da comunicação, mas que por outro lado busca integrar pesquisa, ensino e mercado de trabalho no amadurecimento deste campo científico. Portanto, seu legado permanece como uma memória de resistência e permanência na luta para constituir a comunicação como um campo científico.