FATORES PERINATAIS ASSOCIADOS A ETIOLOGIAS DE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL NO MEIO-OESTE DE SANTA CATARIN
Resumo
Introdução: A deficiência intelectual (DI) envolve déficits de raciocínio e aprendizagem, sendo essencial o diagnóstico etiológico para o manejo clínico e a identificação de fatores de risco que podem ser prevenidos. Objetivo: Identificar as principais intercorrências no período perinatal que possuem relação com o diagnóstico de DI dos alunos matriculados em APAEs (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) dos municípios do meio-oeste catarinense. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal com dados secundários coletados de prontuários físicos e eletrônicos nas APAEs de sete municípios do meio-oeste catarinense, tais como Abdon Batista, Campos Novos, Capinzal, Celso Ramos, Ipira, Joaçaba e Vargem, entre os anos de 2019 e 2023. Os dados foram analisados no programa Stata 13, no qual foram realizadas análises descritivas e de associação. Resultados: Foram identificados 564 prontuários. Destes, 292 (51,8%) apresentavam informação de diagnóstico, e 271 (48,0%) tinham registros de informações perinatais. Um total de 145 (25,7%) tinham ambos os registros diagnósticos e registros perinatais em prontuários. Síndrome de Down (22,6%), malformações congênitas (20,2%) e paralisia cerebral (18,8%) foram as ocorrências mais frequentes dentre os alunos. De todas as ocorrências, incluindo aquelas apresentadas de forma agrupada, 7,5% foram consideradas preveníveis por representarem doenças infecciosas (toxoplasmose, poliomielite e meningites) e a síndrome alcoólica fetal. Em relação às ocorrências do período perinatal, observou-se maior proporção de hipóxia ou anóxia neonatal (25,5%), seguido de gravidez indesejada (24,0%) e prematuridade (18,5%). Cerca de 6,0% não apresentaram nenhuma intercorrência na gravidez, parto ou pós-parto. Dos 145 prontuários que possuíam ambos os registros diagnósticos e registros perinatais, 16,5% não apresentaram intercorrências, 43,5% apresentaram intercorrências gestacionais, 19,3% no parto e 20,7% apresentaram ambas (intercorrências na gestação e no parto). Alunos com paralisia cerebral tiveram significativamente maiores proporções de ocorrências no parto e na gestação (32,4%) (p=0,003). Já as meningites e meningoencefalites foram significativamente associados às intercorrências gestacionais, que acometeram 88,9% de todos os alunos com essa condição (p=0,038). Conclusão: Síndrome de Down, malformações congênitas e paralisia cerebral foram as ocorrências mais prevalentes, sendo que 7,5% delas foram classificadas como preveníveis. A associação significativa entre paralisia cerebral e complicações no parto e gestação, bem como de meningites associadas a intercorrências gestacionais, destaca a importância da prevenção e do manejo adequado durante o período gestacional e perinatal para minimizar o risco de DI.