SOBRE(O)VIVER: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE A EXPERIÊNCIA DO LUTO POR SUICÍDIO
Resumo
Introdução: O suicídio é o ato executado pelo próprio indivíduo em que há a intenção de tirar a própria vida, de forma intencional. As pesquisas apontam que não se pode citar com certeza a causa de um suicídio, mas, sabe-se que este é resultado de uma complexa interação de fatores, sendo o mesmo analisado como um fenômeno social complexo, multidimensional e multideterminado que envolve aspectos psicológicos, sociais, biológicos, ambientais, políticos e culturais. O suicídio, por ser autoprovocado, pode despertar pensamentos de que o sobrevivente poderia ter previsto ou evitado a morte da pessoa, provocando a sensação de que algo diferente poderia ter sido feito e que a responsabilidade disso era sua. A culpa é um sentimento que pode dificultar o processo de reorganização das famílias e do próprio enlutado. Objetivo: Identificar se existe ou não especificidades na vivência e elaboração do luto familiar em contextos de morte por suicídio. Método: Foi realizada uma pesquisa bibliográfica, utilizando as plataformas onlines Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), com os descritores Suicídio e Luto por Suicídio, foram selecionados artigos publicados entre os anos de 2018 à setembro de 2023, escritos no idioma português. Resultados: Evidenciou-se que o luto por suicídio possui especificidades justamente por ser considerado um tabu, e ser visualizado como uma ação pecaminosa, criminosa, antinatural e antirracional, causando no enlutado sentimento de culpa, vergonha e também o desejo de cometer o mesmo ato, caracterizando-se como um problema de saúde pública. Os resultados obtidos a partir da pesquisa podem contribuir para melhor compreensão do luto por suicídio e auxiliar os profissionais da saúde na elaboração de estratégias de acolhimento e atendimentos de posvenção aos familiares que perderam o ente querido por suicídio. Conclusão: Evidenciou-se a existência de um estigma sobre o suicídio, construído historicamente, com interferências de cunho religioso, político e científico. Observou-se também que não há muitos serviços voltados para o cuidado e acolhimento dos familiares sobreviventes, sendo que, atualmente, a maioria das ações são ofertadas por ONG ́s (Organizações Não Governamentais), especialmente em atividades grupais. Esses trabalhos vêm demonstrando êxito no acolhimento, suporte e comunicação aos enlutados. Porém, é importante reconhecer que tais ações deveriam ser disponibilizadas por meio de políticas públicas que suscitassem a ampliação de diálogos relacionados ao tema, facilitando o acesso à informação.