IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE BACTÉRIAS AERÓBIAS ISOLADAS DO ÚTERO DE VACAS COM ENDOMETRITE
Resumo
Introdução: Entre as afecções uterinas, destacam-se as endometrites responsáveis
por influenciar negativamente à eficiência reprodutiva. O tratamento destas
enfermidades frequentemente se dá pela utilização de antimicrobianos por infusão
intrauterina ou pela via sistêmica. Entretanto, esta utilização de antimicrobianos de
forma indiscriminada, incluindo dosagem insuficiente, falta de identificação do
agente envolvido, tem implicado no desenvolvimento de cepas resistentes aos
antibióticos. A resistência a antimicrobianos tem se tornado um assunto
preocupante, pois genes de resistência aos antibióticos podem ser compartilhados
entre bactérias de humanos, animais e do solo via transferência horizontal de genes.
Além disso, a contaminação do ambiente com patógenos resistentes aos
antibióticos pode contribuir para o surgimento de resistência e multirresistência em
escala global. Desse modo, justiifica-se a identificação da microbiota patogênica
causadora de endometrites e avaliação do perfil de resistância bacteriana a fim de
tornar a produção mais sustentável, e segura, com benefícios para a cadeia
produtiva como um todo. Objetivo: Identificar os principais agentes aeróbios
causadores de endometrites e avaliar o perfil de resistência antimicrobiana. Método:
A pesquisa foi aprovada pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da
Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC, sob protocolo nº48/2021. As
amostras foram coletadas de fêmeas bovinas com quadro de endometrite, em
propriedades leiteiras localizadas no município de Xanxerê/SC. Foram coletadas 32
amostras de lavado uterino através do método de lavagem uterina de baixo volume,
sendo estas encaminhadas ao Laboratório de Microbiologia da UNOESC Xanxerê
para o processamento em até 24h após a coleta. Alíquotas de 10µl das amostras de
lavado uterino foram inoculadas em placas contendo os meios de cultura Ágar Sangue (suplementado com 5% de sangue ovino) e Ágar MacConkey, sendo estes
incubados em condições aeróbicas a 37°C por um período de 24 à 72h. Após a
incubação, os isolados foram identificados de acordo com características
morfológicas e tintoriais e testes bioquímicos específicos. Em seguida os isolados
foram submetidos ao teste de suscetibilidade aos antimicrobianos pela técnica de
disco difusão em ágar, no qual foram testados 13 antimicrobianos, sendo os
resultados categorizados como isolados sensíveis, intermediários ou resistentes, de
acordo com as diretrizes do CLSI M100. Resultados: A partir das 32 amostras de lavado
uterino foram identificados sete gêneros bacterianos, totalizando 46 isolados, dentre
estes Trueperella pyogenes (26,08%), Escherichia coli (19,56%), Staphylococcus sp.
(19,56%), Corynebacterium sp. (13,04%), Bacillus sp. (10,86%), Streptococcus sp. (8,69)
e Acinetobacter sp. (2,17%) e em 12,5% das amostras coletadas não houve
crescimento microbiológico. Em relação ao perfil de resistência aos antimicrobianos
testados a maioria dos isolados apresentaram-se resistentes à sulfametozaxol +
trimetoprina, tetraciclina e amoxicilina com 60,87%, 56,52% e 50% respectivamente.
Conclusão: A microbiota uterina patogênica é bastante diversificada, deste modo
ressaltamos a importância de uma avaiação prévia dos patógenos presentes, bem
como a avaliação do perfil de resistência bacteriana, buscando-se a realização de
tratamentos mais acertivos com o menor impacto à saúde animal e humana.
Palavras-chave: Antimicrobianos; Eficiência reprodutiva; Microbiota patogênica;
Saúde única.