CARACTERIZAÇÃO GENOTÍPICA DE ISOLADOS DE ESCHERICHIA COLI PROVENIENTES DE GRANJAS DE SUÍNOS E CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DA RESISTÊNCIA FRENTE À COLISTINA
Resumo
Introdução: A criação de suínos de forma intensiva predispõe os animais a enfermidades, principalmente ocasionadas pela bactéria E. coli, como a diarreia neonatal, diarreia pós desmame e a doença do edema. Buscando-se reduzir infecções bacterianas, antimicrobianos são adicionados à alimentação animal, porém esta adição de antibióticos pode deixar resíduos na carne, e isso está relacionado a transferência de genes de resistência a antibióticos de animais para humanos. Em virtude do potencial risco de infecções por cepas de E. coli multirresistentes a antimicrobianos em um contexto de saúde única, justifica-se realizar a caracterização genotípica e fenotípica da resistência a antimicrobianos, em especial à colistina, em isolados de E. coli oriundos de suínos. Objetivo: Avaliar o perfil fenotípico e genotípico de resistência de isolados de Escherichia coli oriundos de propriedades rurais com criação intensiva de suínos. Método: A pesquisa foi aprovada pelo CEUA. Foram coletadas 33 amostras (25 de suínos com diarreia, 3 de suínos sem diarreia e 5 ambientais) provenientes de granjas produtoras de suínos localizadas na região Oeste Catarinense. As amostras foram inoculadas em placas de Ágar Sangue e Ágar MacConkey, sendo estas incubadas em condições aeróbicas a 37°C por um período de 24 à 48h. Os isolados foram identificados através das características morfotintoriais e testes bioquímicos. Todos os isolados de E. coli foram submetidos ao teste de suscetibilidade antimicrobiana pela técnica de disco difusão em ágar, no qual foram testados diferentes antimicrobianos: Amoxicilina 3-hidratada, Amoxicilina + ácido clavulânico, Ampicilina, Ciprofloxacina, Cefalexina, Enrofloxacino, Espectinomicina, Florfenicol, Lincomicina, Marbofloxacina, Sulfametoxazol + trimetoprim, Tiamulina, Tilmicosina e Tetraciclina. Para a determinação da suscetibilidade à colistina realizou-se o teste de microdiluição em caldo para determinar a concentração inibitória mínima (CIM). Os isolados foram categorizados como sensíveis à colistina quando a CIM apresentou resultado ≤ 2 μg/mL (20 UI). Dos 33 isolados de E. coli obtidos, oito (8) foram submetidos ao sequenciamento de genoma completo. Resultados: Todos os isolados apresentaram fenótipo de resistência aos beta lactâmicos, sendo observados índices elevados à amoxicilina (96,97%), cefalexina (96,97%), ampicilina (90,91%) e amoxicilina com ácido clavulânico (24,24%). Todos os isolados foram fenotipicamente resistentes à tetraciclina, tilosina e lincomicina. Dos isolados testados 21,21% apresentaram CIM para colistina >2 µg/ml, caracterizando-se como resistentes. Todos apresentaram um fenótipo de MDR, ou seja, foram resistentes a três ou mais classes de antimicrobianos. A partir dos oito isolados submetidos ao sequenciamento, os genes de ESBL ampC, ampC1, ampH, (Bla)AmpC1, (Bla)AmpC2, (Bla)ampH e (Bla)Penicillin foram detectados em (100%) dos isolados avaliados, blaTEM-105 (62,5%), blaTEM-135 (12,5%), tetA (75%), tetR (75%), (Tet)tetB (12,5%). Apenas um isolado apresentou o gene mcr-1, relacionado à resistência frente à colistina, e os demais genes mcr (2-10) não foram detectados. Conclusão: As elevadas taxas de resistência dos isolados, aos beta lactâmicos, acendem um alerta quanto ao risco da disseminação desses fenótipos bacterianos, evidenciando a importância da conscientização quanto ao uso prudente de antimicrobianos na saúde animal e a necessidade de monitoramento do perfil de resistência antimicrobiana e implementação de novas medidas de prevenção buscando-se reduzir o risco de disseminação de bactérias multiressitentes.
Palavras-chave: Escherichia coli; Sanidade animal; Saúde única.