PRODUÇÃO SOCIOESPACIAL DE ÁREAS VERDES NA CIDADE DAS MANGUEIRAS: UMA LEITURA LEFEBVRIANA SOBRE BELÉM DO PARÁ
Palavras-chave:
Henri Lefebvre, Espaço concebido, Espaço percebido, Espaço vivido, Privilégio VerdeResumo
Este estudo objetivou compreender como as áreas verdes de Belém-PA (denominada Cidade das Mangueiras) são concebidas, percebidas e vividas por diferentes agentes da cidade (Estado, Capital e Sociedade) a partir da teoria da produção do espaço de Henri Lefebvre. Para isso, utilizou-se o método regressivo-progressivo que analisou articulações contemporâneas da produção socioespacial de áreas verdes, reconstituindo historicamente as relações estabelecidas que pudessem justificar a conformação socioambiental presente, retornando então ao presente para destacar as contradições observadas na contemporaneidade. Para isso, empregou-se procedimentos bibliográficos e documentais que permitiram cruzar informações e construir um entendimento comum sobre o assunto. Os resultados indicaram que os espaços concebido e percebido são controlados nas perspectivas político-administrativa e ideológica, respectivamente, induzindo áreas centrais a utilizarem suas áreas verdes como instrumentos de valorização do capital imobiliário. Isso explicita a dicotomia socioambiental ao evidenciar que bairros periféricos não vivenciam espaços verdes satisfatórios, tornando a ocorrência destes um privilégio verde reservado a quem pode pagar por ele. Desse modo, concluiu-se que, embora tratadas midiaticamente como sinônimas, na prática, a Cidade das Mangueiras é substancialmente menor que a cidade de Belém, restrita às áreas centrais da cidade, cuja valorização fundiária mantém a produção socioespacial desigual de áreas verdes.