Perfil clínico-epidemiológico e espacial da hanseníase em uma região de saúde, na Amazônia Brasileira
DOI:
https://doi.org/10.18593/evid.32890Palavras-chave:
Estratégias de saúde, Hanseníase, Mapeamento geográfico, Monitoramento epidemiológico, Saúde únicaResumo
Introdução: A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, crônica, causada pelo Mycobacterium leprae prevalente no Brasil. Para que haja uma resolução holística dessa problemática é preciso considerar os preceitos de Saúde Única (One health). Objetivo: Determinar o perfil clínico-epidemiológico e espacial da hanseníase em uma região de saúde na Amazônia no período de 2012 a 2022. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo analítico ecológico, que utiliza dados oriundos de bases dados públicas, por meio da análise de variáveis sociodemográficas e clínicas de 15 municípios na região de saúde do Araguaia. Para a compreensão dos dados aplicou-se estatística descritiva e inferencial, bem como mapeamento geográfico. Resultados: No período de estudo, foram analisados 4346 casos de hanseníase na região de saúde analisada, o município com maior número de casos foi Redenção-PA com 22,6%. Ademais, observou-se que os casos se concentraram em homens, adultos, pardos e com baixa escolaridade. Além disso, a forma clínica mais prevalente foi a Dimorfa, 51,9%, a classificação multibacilar, 79,3% e o esquema terapêutico mais utilizado foi a poliquimioterapia multibacilar de doze doses, 78%. Outras observações importantes foram a baixa adesão à realização de baciloscopia, redução no número de casos a partir de 2020 e poucos registros na população indígena. Conclusão: Portanto, nota-se que há necessidade de ampliação das medidas de vigilância e de controle da hanseníase, com ênfase no diagnóstico, rastreio e notificação dos casos, a fim de, com isso, obter informações essenciais para a elaboração de estratégias locais assertivas, que visem o controle, mitigação dos casos e redução dos prejuízos à saúde dos indivíduos acometidos.
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