VIA DE PARTO: DIREITO DE ESCOLHA

Authors

  • Elcio Luiz Bonamigo Universidade do Oeste de Santa Catarina
  • Rayana Wastner Pereira Universidade do Oeste de Santa Catarina
  • Jéssica Helena Silva Universidade do Oeste de Santa Catarina
  • Talita Aparecida Conte Universidade do Oeste de Santa Catarina

Abstract

O surgimento de novas normas e orientações para gestantes sobre a escolha da via de parto criou uma dicotomia: as usuárias do SUS ou de convênios tiveram sua autonomia limitada, já as pacientes particulares não. Neste trabalho, visou-se discutir o respeito à autonomia da gestante na escolha da via de parto e correlacioná-la com o fator econômico. Foi realizada uma pesquisa exploratória descritiva, por meio de revisão bibliográfica de artigos da base de dados Scielo, da Revista Bioética e da legislação pertinente. A autonomia é um princípio ético garantido pelo artigo 5º da Declaração Universal de Bioética e Direitos Humanos (UNESCO, 2006), o qual foi consubstanciado pelo artigo 31 do Código de Ética Médica, que veda ao médico desrespeitar o direito do paciente de “[...] decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas”, e robustecido pela Carta de Direitos dos Usuários da Saúde, a qual defende o direito de o paciente recusar procedimentos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). Ressalta-se, também, que a valorização da autonomia do paciente aumenta o sucesso na assistência à saúde (SOARES; CAMARGO JÚNIOR, 2007). A desigualdade na assistência é percebida desde o pré-natal, quando a gestante assistida pelo SUS é atendida por diversos profissionais de saúde e induzida ao parto vaginal, desde que não haja contraindicações, e no sistema privado, é acompanhada pelo mesmo médico e recebe maior aconselhamento pró-cesárea (DOMINGUES et al., 2014). Ressalva-se que a atitude paternalista do médico pode induzir ao procedimento que a gestante não deseja (BARCELLOS; SOUZA; MACHADO, 2009). Ademais, o número de gestações prévias e a experiência anterior de parto influem na decisão, embora, em relação à questão socioeconômica, observa-se que o aumento da renda diminui a opção por parto normal (FAISAL-CURY; MENEZES, 2006). Conclui-se que, nesse cenário, o médico tem o dever de orientar a gestante sobre as formas de parto, explicando riscos e benefícios, empoderando-a e permitindo que sua decisão seja individual.

Palavras-chave: Autonomia. Via de parto. Bioética.

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Author Biographies

Elcio Luiz Bonamigo, Universidade do Oeste de Santa Catarina

Professor da disciplina de Ética Médica na Universidade do Oeste de Santa Catarina. Orientador do trabalho.

Rayana Wastner Pereira, Universidade do Oeste de Santa Catarina

Acadêmica do 7º período do curso de Medicina da Universidade do Oeste de Santa Catarina

Jéssica Helena Silva, Universidade do Oeste de Santa Catarina

Acadêmica do 7º período do curso de Medicina da Universidade do Oeste de Santa Catarina

Talita Aparecida Conte, Universidade do Oeste de Santa Catarina

Acadêmica do 7º período do curso de Medicina da Universidade do Oeste de Santa Catarina

References

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Published

2015-12-16

How to Cite

Bonamigo, E. L., Wastner Pereira, R., Silva, J. H., & Conte, T. A. (2015). VIA DE PARTO: DIREITO DE ESCOLHA. Anais De Medicina. Retrieved from https://periodicos.unoesc.edu.br/anaisdemedicina/article/view/8963

Issue

Section

Resumos