ESTUDO DOUTORAL: O COTIDIANO DE APOSENTADOS NOS ESPAÇOS URBANOS DA CIDADE DE FLORIANÓPOLIS

Autores

  • Aline Bogoni Costa UNOESC UFSC - Laboratório de Psicologia Positiva
  • Dulce Helena Penna Soares UFSC - Programa de Pós-Graduação em Psicologia Instituto do Ser

Resumo

A vivência da aposentadoria pode ser acompanhada de transformações identitárias e no cotidiano dos sujeitos, entre elas mudanças no habitar. No presente trabalho apresentam-se os resultados de estudo doutoral do ano 2015, em que se objetivou compreender as relações estabelecidas por pessoas aposentadas, em seus cotidianos, nos espaços urbanos da Cidade de Florianópolis. Tendo como aporte teórico o pensamento marxista de Henri Lefèbvre, empregou-se o método regressivo-progressivo, proposto pelo referido autor, em três momentos: a descrição do visível, a análise regressiva-progressiva e a progressão histórico-genética. No primeiro momento, por meio de análise documental e observação de campo, compreendeu-se que os espaços urbanos de Florianópolis passaram por significativas transformações, especialmente nas últimas três décadas, alterando-se os modos de vida e o cotidiano de seus moradores. Verificou-se que as pessoas aposentadas, muitas vezes, compõem o cenário urbano em lugares demarcados, sintoma de segregação associado ao modelo capitalista de produção. No segundo momento, por meio de entrevistas e elaboração de registros fotográficos, identificou-se que o trabalho se constituía como central no estabelecimento das relações cotidianas nos espaços urbanos e, após a aposentadoria, há dificuldades de participação na Cidade. Na progressão histórico-genética, percebeu-se que, aposentados e agora “libertos” de suas obrigações e dos horários, “de posse de suas vidas”, os interlocutores experimentaram-se “sem lugar” e “inativos” na construção de seu habitar, passando a buscar um pertencimento inacessível. Desse modo, as estratégias do cotidiano na aposentadoria caracterizam-se pelo isolamento, pelo presente vivido por meio das lembranças do passado, pelos rompimentos com a noção do espaço-tempo e por projetos de vida irrealizáveis no contexto urbano florianopolitano. Compreendeu-se, por fim, que os espaços vinculados ao trabalho conferem aos sujeitos uma “identidade urbana”, e que a aposentadoria pode significar rupturas e descontinuidades dessa identidade, corroborando a ausência de lugares sociais e do próprio cotidiano.

Palavras-chave: Aposentadoria. Cotidiano. Espaços urbanos. Cidade.

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Biografia do Autor

Aline Bogoni Costa, UNOESC UFSC - Laboratório de Psicologia Positiva

Graduada em Administração de Empresas (2005), pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Psicóloga (2008), Mestre em Psicologia (2009) e Doutora em Psicologia (2015), pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), pesquisas vinculadas à linha de Práticas Sociais e Constituição do Sujeito. Áreas de experiência e interesse: Orientação Profissional e para a Aposentadoria, Psicologia do Trabalho, Psicologia Positiva, Psicologia Social.

Dulce Helena Penna Soares, UFSC - Programa de Pós-Graduação em Psicologia Instituto do Ser

Professora aposentada, atua como voluntária na Universidade Federal de Santa Catarina junto ao Programa de Pós Graduação em Psicologia, tendo orientando pesquisas de Mestrado e Doutorado. Realizou Pós Doutorado junto ao Grupo de Pesquisa em Psicologia Comunitária, em 2010/2011, sob a orientação do prof. Jorge Castella Sarriera na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Concluiu Doutorado em Psicologia Clínica em 1996 na Universidade Louis Pasteur em Strasbourg, na França. Fundou e coordenou até 2012 o LIOP – Laboratório de Informação e Orientação Profissional. É conselheira da ABOP – Associação Brasileira de Orientadores Profissionais, tendo participado de sua fundação, presidente na gestão 97/99. Publicou 55 artigos em periódicos especializados e 155 trabalhos em anais de eventos. Possui 7 livros publicados, 9 organizados e 35 capítulos de livros. Possui 1 jogo editado pela Editora Vetor: Profissiogame. Ministra palestras no Brasil e no Exterior, em diversos eventos científicos. Organizou 12 eventos científicos no Brasil. Orientou 7 teses de Doutorado, 26 dissertações de mestrado, 7 monografias de especialização, e 15 trabalhos de iniciação cientifica. Em seu currículo lattes os termos mais frequentes na sua produção: orientação e reorientação profissional, escolha profissional, orientação via internet, informação profissional, vestibular, ansiedade, mercado de trabalho, planejamento de carreira, projeto de futuro, identidade, aposentadoria, programa de orientação para aposentadoria e tempo livre. Atualmente tem-se dedicado ao INSTITUTO DO SER – Orientação Profissional e de Carreira (www.instserop.com.br) , no Curso de Formação em Orientação Profissional e de Carreira e na prestação de Consultorias em Programas de Orientação para Aposentadoria em empresas Publicas e Privadas do Brasil.

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Publicado

2016-08-26