UMA ESCOLA ACOLHEDORA: O OUTRO DIFERENTE EM UM CENÁRIO DE TERNURA E AMIZADE
Resumo
A concepção de diferente ou da diferença se alarga no contexto da diversidade. Em alguns momentos, as políticas de inclusão, no âmbito escolar ou social, formuladas e executadas no País, passam a margem ou ignoram as diferenças e a diversidade. Significa que, em vez de promoverem uma educação inclusiva, em âmbito escolar, e voltada para todos, podem reforçar a exclusão dos diferentes. Apesar do esforço em termos de acesso universal das crianças na escola, persistem as possibilidades de fracasso escolar. Em várias frentes de reflexões, feitas por educadores e outros intelectuais, o desafio do acesso escolar é concebido como inerente e complementar à qualidade educacional para todas as crianças. Para eles, a educação escolar contempla espaços sociais, reconstruídos historicamente, portanto, não mais em contextos de prevalência do natural. Problema proposto: É possível, e como, realizar experiências formativas considerando a ternura e a amizade como fonte potencializadora das mudanças de mentalidade e de atitudes em relação à aceitação do outro diferente? Objetivo: investigar se e como experiências formativas, envolvendo as dimensões da ternura e da amizade, permitem potencializar o reconhecimento da interdependência entre si e o outro para vivenciar a aceitação desse si e do outro. De caráter qualitativo, a investigação em referenciais teóricos possibilitou refletir o tema sob diferentes enfoques. Como resultados, destacam-se: o cuidado de si e do outro, reconhecidos em sua legitimidade existencial passando pela consciência de pertença a um mundo natural, no qual a aceitação das diferenças e da diversidade simplesmente acontece; experiências formativas, na dimensão da ternura e convividas em amizade, valorizam as inúmeras interfaces dessa mesma convivialidade como coexistência do autorrespeito e do respeito ao outro; fazê-lo requer participação e colaboração como fundamentos da compreensão da ternura e da amizade como inerentes espontâneos do ser e do fazer pedagógico; experiências formativas, como convivências inclusivas, são permeadas por ações de complementaridade entre ordem e desordem como integrantes das condições de vida, sem menosprezar o potencial humano; atitudes de aceitação serão possíveis, juntamente com mudanças nas crenças e superação do universo preconceituoso, para sonhar uma sociedade baseada na confiança e em relações intersubjetivas sadias. Conclui-se que experiências de educação para e com o outro diferente, em um cenário de amigos e envolto em ternura, podem tornar-se significativas; a vivência da amizade no conforto da ternura permite a construção de visões positivas de mundo, de si e do outro como ser singular e diverso; a convivência como um com-sentir contempla cenários de respeito à alteridade, um respeito que passa pela descoberta de si e do outro como exercício de convivência.
Palavras chave: Educação. Escola acolhedora. Ternura e amizade.