A RELAÇÃO ENTRE AS HABILIDADES MOTORAS E A DISGRAFIA EM CRIANÇAS DE 9 A 10 ANOS
Resumo
Para a execução motora da escrita é necessário o Sistema Nervoso Central, mais especificamente do córtex motor, além de certo grau de desenvolvimento motor. A tonicidade e a coordenação dos movimentos devem estar suficientemente estabelecidas para possibilitar a atividade das mãos e dos dedos; se assim não acontecer no desenvolvimento natural das crianças, elas apresentarão prejuízos em seu desempenho escolar; entre eles está a disgrafia, ou seja, dificuldade de execução do grafismo. Por esse motivo ser uma constante no espaço escolar, o presente estudo objetivou avaliar a relação entre as habilidades motoras e a disgrafia em crianças de 9 a 10 anos submetidas a um processo de intervenção psicomotora, identificando as que apresentam disgrafia, diagnosticando o perfil motor, intervindo com uma proposta de atividades motoras e comparando os pré e pós-testes, relacionando as habilidades motoras e a disgrafia. A presente pesquisa se caracteriza como estudo de caso e experimental, de cunho qualitativo-quantitativo, sendo a população composta por 35 crianças de 9 a 10 anos que participam do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil na Unidade de Atendimento Socioeducativa, localizado no bairro Seminário, na Cidade de Chapecó, SC. Para a amostra participam as crianças disgráficas que estão na faixa etária de 9 a 10 anos. Como instrumentos foram utilizados: a) Para avaliar a disgrafia – Escala de Disgrafia de Ajuriaguerra (1971) adaptada por Lorenzini (1993); b) Para avaliar as habilidades motoras – Escala de Desenvolvimento Motor de Rosa Neto (2002); c) Diário de campo e chamada; e d) A proposta de intervenção psicomotora composta por 24 aulas. Para a análise de dados foi utilizada a técnica de análise de séries temporais simples. O teste de disgrafia delimitou a amostra da pesquisa, constatando que 17,2% dos sujeitos apresentaram essa dificuldade de aprendizagem. Observou-se nos sujeitos disgráficos um déficit motor na organização temporal, em média de 46 meses, ficando 37,7% menor que a idade cronológica. Após a proposta de intervenção psicomotora, três dos quatro sujeitos que apresentavam disgrafia tiveram um avanço tanto na organização temporal quanto na grafia, uma melhora média respectivamente de 24,18% e 41,34%, mostrando a existência de uma relação entre esses dois elementos. O sujeito que não teve melhora em nenhum aspecto deve ser estudando mais afundo, pois se observou durante esse processo de intervenção a dificuldade de concentração que pode estar relacionada a outras dificuldades de aprendizagem. Conclui-se que a reeducação psicomotora é eficaz no processo de tratamento da disgrafia.
Palavras-chave: Habilidades motoras. Disgrafia. Aprendizagem.