EXISTE ASSOCIAÇÃO ENTRE COMPROMETIMENTO COGNITIVO LEVE, PROCESSAMENTO AUDITIVO E SÍNDROME DA FRAGILIDADE EM IDOSOS?
Resumo
Introdução: A fragilidade é um conceito em ascensão e diz respeito à condição
clínica que se traduz em dependência funcional, decréscimo de autonomia e
exposição à vulnerabilidade de idosos. O comprometimento cognitivo leve (CCL) se
refere a uma síndrome, na qual idosos apresentam declínio da memória, atenção ou
demais domínios cognitivos. O processo de envelhecimento permeia também
alterações fisiológicas nos componentes periféricos e centrais responsáveis pela
audição. A perda auditiva relacionada à idade (PARI) consiste em um distúrbio de
caráter progressivo que compromete as funções auditivas e gera dificuldades de
comunicação e interação social, impactando negativamente na vida dos indivíduos
pelo isolamento e aspectos psicossociais, assim como pela possibilidade de estar
relacionado com o CCL e progressão para demências Objetivo: O estudo tem como
objetivo avaliar a possibilidade de correlação entre o comprometimento cognitivo
leve, processamento auditivo e síndrome da fragilidade do idoso. Método: Trata-se
de um estudo observacional transversal, com abordagem descritiva e analítica. A
coleta de dados aconteceu por meio da avaliação da capacidade cognitiva com
uso da Bateria Breve de Rastreio Cognitivo (BBRC), do Miniexame do estado mental
(MEEM), dos critérios de Fragilidade e dos testes auditivos do Sussurro e Inventário de
Triagem Auditiva para Idosos (ITAI).. Resultados: A amostra do estudo foi composta
por idosos acima de 60 anos, sendo 54,5% do sexo feminino e 45,5% masculino. A
média de idade foi de 70,9 ± 6,6 anos, a escolaridade foi de 63,6% com fundamental
incompleto e 36,4% fundamental completo. Quanto ao perfil cognitivo, a BBRC e o
MEEM demonstraram redução dos escores avaliativos, sendo o último com valor
mínimo de 19,0, máximo de 30,0 e média de 24,7 ±4,2. Quanto a fragilidade, 18,2%
foram classificados como não frágil, 65,6% como pré-frágil e 18,2% como frágil. O
perfil auditivo foi descrito pelo teste do sussurro com resultado positivo para 54,5% dos
idosos para a perda de audição do lado direito e 63,6% para o lado esquerdo. O ITAI
Sensorial teve média de 12,2 ±12,7, ITAI Emocional teve média de 16,2 ±13,8 e o ITAI
total demonstrou média foi de 28,4 ±25,5. Quanto ao uso de aparelho auditivo, 81,8%
da amostra não utiliza. Não houve associação estatisticamente significativa do teste do sussurro (p = 0,355) e do uso de aparelho auditivo em relação aos níveis de
fragilidade (p = 0,497), assim como não houve correlação do ITAI e MEEM (r = -0,394;
p = 0,231). O MEEM apresentou diferenças significativas entre os níveis de fragilidade
(p = 0,049) entre os níveis “não frágil” versus “frágil” (29 > 19 pontos; p = 0,046), de
forma que o desempenho no MEEM vai reduzindo conforme o nível de fragilidade
vai aumentando. Conclusão: Na amostra estudada até o momento não foi
observada relação entre o comprometimento auditivo e a capacidade cognitiva,
sendo essa última relacionada com a fragilidade. s.
Palavras-chave: Fragilidade; Envelhecimento; Comprometimento Cognitivo Leve.