FRAGILIDADE FÍSICA E CAPACIDADE FUNCIONAL EM IDOSOS DO MEIO OESTE CATARINENSE DURANTE A PANDEMIA DO COVID-19
Resumo
Introdução: A pandemia COVID-19 exigiu mecanismos e cuidados redobrados à saúde. A preconização do distanciamento social para evitar a disseminação do vírus trouxe consequências no processo de envelhecimento e em outras condições de saúde da população. Objetivo: Avaliar as capacidades físico-funcionais entre idosos frágeis e não-frágeis durante o período de pandemia. Método: Pesquisa observacional e longitudinal, descritiva e analítica. Amostra composta por idosos participante de um projeto de extensão da Clínica Escola de Pesquisa e Atendimento em Fisioterapia no período pré pandêmico. O procedimento de coleta de dados ocorreu durante a pandemia e foi realizada em dois momentos. O primeiro contato foi no período inicial da pandemia, e a segunda três meses após. Foram utilizados uma anamnese estruturada e os instrumentos que compõe o fenótipo de fragilidade. Os idosos foram subdivididos em dois grupos, frágeis e não frágeis, de acordo com os critérios preconizados pelos instrumentos aplicados. Resultados: Foram contatados 50 idosos, dos quais 25 cumpriram todos os critérios de inclusão e procedimentos éticos. A idade média foi de 68,6 (+/- 5,5) anos, sendo 72% do sexo feminino, 56% dos idosos foram classificados com sobrepeso e 80% como sedentários, com relato de que estiveram afastados de suas atividades durante o período. Houve um decréscimo de 671,6 kcal/semana, implicando em significância estatística ao comparar-se o gasto energético entre o período inicial da pandemia e três meses depois. Quando se comparam os resultados em função das classificações de fragilidade, percebeu-se que a queda nos níveis de atividade física ocorreu em maior intensidade nos idosos classificados como não frágeis. Dessa forma, o principal resultado desse estudo refere-se ao impacto que a pandemia teve como fator contributivo ao aumento da fragilidade em idosos que anteriormente não eram frágeis (p= 0,018). Um fator importante nesse quesito é que, apesar da grande maioria declarar-se sedentária, como o instrumento avalia também outras atividades que podem refletir no gasto energético como o lazer e o esporte, o resultado parece expressar a condição do isolamento social e a interferência no aspecto do gasto calórico já que os indivíduos se encontram restritos nos domicílios. Os dados obtidos que visavam identificar humor depressivo foram analisados no intuito de verificar a existência de correlação com os aspectos físicos e não houve relação entre ambos Inclusive, o valor da correlação (r = -0,095) ficou próxima de zero, evidenciando que esta é nula; ou seja, não importa os níveis de Kcal/semana, pois estes não se relacionaram com o escore da depressão. Conclusão: O período de isolamento social decorrente do momento pandêmico predispôs à instalação ou à exacerbação dos critérios de fragilidade e piora da capacidade funcional na população idosa, principalmente nos que eram considerados como não frágeis. De tal maneira, este estudo pretende instigar uma visão diferenciada de estratégias que contribuam para manutenção das capacidades funcionais, a fim de prevenir efeitos deletérios decorrentes da restrição de contato social, inclusive no momento pós pandêmico.