AVALIAÇÃO DA INCIDÊNCIA DE Salmonella spp. EM PEQUENOS ROEDORES SILVESTRES CAPTURADOS EM FRAGMENTOS DE MATA LOCALIZADOS NO MUNICÍPIO DE JOAÇABA, SC
Resumo
Diversas espécies de animais silvestres são reservatórios de patógenos de interesse na saúde humana e animal, sendo “agentes-chave” na permanência desses micro-organismos no ambiente. Os roedores são animais cosmopolitas e formam colônias nos mais diversos ambientes, podendo ser hospedeiros e vetores de micro-organismos patogênicos. Entre os patógenos de importância para a saúde humana e animal destaca-se o gênero Salmonella. Contaminações e infecções por essa bactéria são comumente descritas em humanos, alimentos, animais domésticos e, mais recentemente, em espécies de animais silvestres. Este estudo buscou avaliar a incidência de Salmonella spp. em roedores silvestres capturados em dois pontos de um fragmento de mata na cidade de Joaçaba, SC. A captura dos animais foi realizada entre março e agosto de 2013, sendo um dos pontos próximo a residências e o segundo no interior da mata, em armadilhas com iscas atrativas, obtendo-se onze roedores: quatro do gênero Oligoryzomys e sete da espécie Mus musculus. Os animais foram transferidos para terrários forrados com papel absorvente estéril, disponibilizando alimento e água estéreis em abundância, e neles foram mantidos até que fosse possível a coleta de suas fezes. As amostras de fezes foram transferidas para recipientes estéreis para análise. Aproximadamente um grama de amostra foi homogeneizado em dez mililitros de água peptonada tamponada e incubado a 36 °C por 16-18 horas para pré-enriquecimento. As culturas pré-enriquecidas foram semeadas por estriamento direto em placas de ágar Xilose Lisina Desoxicolato (incubado a 36 °C/24h) e 100 uL foram transferidos para tubos de Craigie inseridos em tubos de ensaio contendo o Meio Semi-sólido Rappaport Vassiliadis (incubado a 42,5 °C/24-48h). Após a incubação, observou-se o desenvolvimento de colônias características e estas identificadas por meio de kit de identificação bioquímica. Os resultados das análises indicaram ausência de Salmonella spp. em todas as amostras, porém, foram identificadas outras enterobactérias, como Acinetobacter baumannii/calcoaceticus, Citrobacter spp., Enterobacter cloacae, Escherichia coli, Klebsiella spp., Klebsiella pneumoniae, Providencia spp. e Providencia stuartii. Embora o número de roedores tenha sido pequeno, supõe-se que estes tenham pouca importância na veiculação de Salmonella na fauna silvestre do local de estudo. Esse resultado é bastante surpreendente, visto que esses animais, sobretudo os que vivem próximos às residências, são apontados como vetores do patógeno e são geralmente considerados o principal reservatório de Salmonella. O risco de transmissão de patógenos por animais sinantrópicos aos selvagens que se aproximam do ambiente domiciliar deve ser monitorado e, portanto, é imprescindível a realização de estudos sobre esses micro-organismos determinando a ocorrência e a frequência de infecções em animais selvagens, visando garantir que tanto a saúde desses animais quanto a dos humanos que habitam as proximidades das áreas sejam preservadas.
Palavras Chave: Enterobactérias. Animais sinantrópicos. Reservatórios silvestres.