Avanços terapêuticos contra infecções hospitalares por pseudomonas aeruginosa
Resumo
Introdução: Infecções oportunistas de origem hospitalar pelo bacilo gram-negativo Pseudomonas aeruginosa são muito comuns, especialmente quando se utilizam equipamentos hospitalares como respiradores e umidificadores, além de cateteres urinários e intravenosos. Há também grande predisposição nos casos de perda das barreiras primárias de proteção, como a pele (nos casos de queimaduras e nas intervenções cirúrgicas), e nos pacientes com fibrose cística. Sua alta taxa de adaptação tem feito surgir linhagens multirresistentes, o que está associado a altos índices de mortalidade. Objetivo: Realizar um levantamento bibliográfico da recorrência das infecções em meio hospitalar e as novas descobertas para se lidar com os agravos. Metodologia: Neste trabalho foi efetuada uma pesquisa bibliográfica nas seguintes bases de dados: PubMed, CAPES, Scielo e Google Acadêmico, e relevadas as bibliografias publicadas entre 2016 e 2017, escritas em português ou inglês. Resultados: Constatou-se que, nos países em desenvolvimento, as infecções associadas aos cuidados de saúde (IACS) ocorrem com uma frequência de 4,5 a cada 100 internações. O ambiente mais propício a tais infecções é a unidade de tratamento intensivo (UTI), na qual a pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) representa 25% dos casos. Um estudo randomizado em andamento na França, aplicado a 34 UTIs e previsto para terminar em junho de 2018, propõe verificar qual a melhor maneira de tratar PAV causada por Pseudomonas, se com tratamento antibiótico de longa ou curta duração. A existência de clones de alto risco desse bacilo, como o ST233, são um sinal de alerta e de preocupação pelo fato de muitos deles estarem resistentes à maioria dos antibióticos disponíveis e poucos novos fármacos antimicrobianos estarem surgindo. Assim, o uso de outras modalidades de tratamento é imprescindível. Entre essas, uma recente pesquisa mostrou a eficácia da administração tópica de cloridrato de L-arginina para evitar a sepse em pacientes queimados, por diminuir a motilidade da P. aeruginosa. O uso de bacteriófagos tem demonstrado efetividade, mas os efeitos adversos têm sido uma complicação; isolar componentes desses bacteriófagos (como EPS depolimerases, alginases, endosialidases, hialuronidases, endolisinas, galactosidases e endopeptidases) é uma maneira de evitar as desvantagens e ainda assim conseguir remover em grande quantidade o biofilme produzido pela bactéria. O uso de vacinas, com antígenos da membrana externa (OprF e OprI) e flagelina B, foi muito eficiente na produção de anticorpos contra as bactérias em infecções pulmonares em ratos, sendo uma alternativa para futuro uso em seres humanos. O mais recente avanço contra infecções está no uso de óxido nítrico (NO) nos cateteres invasivos (urinários, traqueais, biliares e de diálise). Esse método preveniu a adesão e colonização de vários micro-organismos, inclusive P. aeruginosa, nas superfícies dos cateteres. Conclusão: Portanto, observou-se que, apesar da falta de novos antibióticos eficientes contra linhagens resistentes de Pseudomonas, diversos métodos alternativos foram recentemente descobertos, e a divulgação destes é de extrema importância para um melhor atendimento e tratamento de infecções hospitalares.
Palavras-chave: Multirresistente. Sepse. Arginina. Óxido nítrico.
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Referências
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