Comparação entre a doença celíaca e a alergia ao trigo

Autores

  • Andre Luiz Souza Brighenti Universidade do Oeste de Santa Catarina
  • Bárbara de Coelho Almeida Universidade do Oeste de Santa Catarina
  • Henrique de Sá Gesser Universidade do Oeste de Santa Catarina
  • Camilla Giovana Maccarini Universidade do Oeste de Santa Catarina

Resumo

Introdução: As limitações alimentares aumentaram sua prevalência nos últimos anos, possivelmente pelo crescente contato do hospedeiro com maior número de alérgenos. Destaca-se a alergia ao trigo, hipersensibilidade que afeta 2% dos adultos, reação do sistema imunológico às proteínas albumina e gliadina presentes no trigo. Elas reagem com a imunoglobulina E (IgE), anticorpo responsável pela reação alérgica. Já a doença celíaca é uma enteropatia não IgE-mediada desencadeada quando o intestino delgado entra em contato com a proteína gliadina presente no glúten, que está presente no trigo e em outros cereais, e o organismo inicia uma reação imunológica que produz anticorpos IgA e IgG anti-gliadina. Objetivo: Comparar essas duas doenças por meio de revisão de literatura e referentes a estudos de caso. Metodologia: Foram analisados artigos on-line disponíveis na base de dados Scielo. Resultados: O primeiro relato refere-se à alergia ao glúten – substância presente no trigo. A pesquisa consistiu na inclusão de todas as crianças com diagnóstico de alergia ao trigo de um hospital em Portugal nos últimos 15 anos (2001-2016). Houve manifestações em nove pacientes, sendo oito do sexo masculino e com média de idade entre um e 14 anos). Em seis pacientes as primeiras manifestações foram cutâneas, dois apresentaram distúrbios gastrointestinais, e um apresentou anafilaxia. A via de sensibilização foi cutânea ou por ingestão. O valor de IgE específica para o glúten variou entre 0,73 e 100 KUA/l. O segundo caso clínico aborda um paciente portador da doença celíaca, masculino, 20 anos, estudante e procedente de Portugal. Relata diarreia aquosa, mais de 10 dejeções/dia, sem sangue ou muco, e emagrecimento (de 66 para 56 kg em um mês). A avaliação laboratorial revelou a maioria dos exames normais, com exceção dos anticorpos antitransglutaminase – anticorpo da classe IgA – que se encontravam muito elevados (198,7 UA). Como a maioria dos exames mostrou-se normal, o diagnóstico de doença celíaca foi feito por meio de história clínica e resultados sorológicos, histológicos e endoscópicos. Conclusão: Os pacientes que apresentam alergia ao trigo desencadeiam principalmente sintomas cutâneos, como urticária, angioedema e síndrome de eczema; as manifestações gastrointestinais e anafilaxia são mais raras. O diagnóstico consiste em uma anamnese cuidadosa que investigue se há algum desses sintomas, e auxílio de exames laboratoriais cutâneos, pois identificam a presença de IgE específicos contra porções de farinha de trigo. Enquanto na doença celíaca os principais sintomas gastrointestinais são atrofia e achatamento grave das vilosidades intestinais – condicionando limitações de absorção de nutrientes e comprometendo o estado nutricional –, diarreia ou constipação crônica, anorexia, vômitos, emagrecimento, dor e distensão abdominal. Para o diagnóstico é necessário anamnese detalhada, análise histopatológica do intestino delgado e biópsia, que identifica vilosidades atrofiadas e alongamentos de criptas. Embora ambas as patologias sejam desordens de origem alimentar associadas ao trigo, verifica-se que os agentes específicos envolvidos são distintos e, consequentemente, a fisiopatologia, o diagnóstico e o tratamento também o são. Dessa forma, assim que feito o diagnóstico é recomendado ao paciente que cumpra uma terapêutica dietética com exclusão total do trigo, no caso de alergia a ele, e do glúten, para os celíacos.

Palavras-chave: Alergia alimentar. Doença celíaca. Trigo. Glúten. Dieta.

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Referências

ARAÚJO, H. M.C. et al. Doença celíaca, hábitos e práticas alimentares e qualidade de vida. Revista de nutrição, Campinas, v. 23, n.3, p. 467-474, maio/jun. 2010.

MACHADO, A. S. et al. Doença celíaca no adulto: A propósito de um caso clínico. Jornal Português de Gastrenterologia, Lisboa, v. 13, n. 3, p. 139-143, maio 2006;

SILVA, A.T. et al. Hipersensibilidade ao trigo: formas de apresentação e proteínas alergênicas. Revista Portuguesa de Imunoalergologia, v. 13, n. 2, p. 133-140, 2005.

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Publicado

2018-03-21

Como Citar

Brighenti, A. L. S., Almeida, B. de C., Gesser, H. de S., & Maccarini, C. G. (2018). Comparação entre a doença celíaca e a alergia ao trigo. Anais De Medicina. Recuperado de https://periodicos.unoesc.edu.br/anaisdemedicina/article/view/15745

Edição

Seção

Resumos