HUMANIZANDO A COMUNICAÇÃO DE MORTE E A CAPTAÇÃO DE ÓRGÃOS
Resumen
O falecimento de um paciente costuma causar mudanças drásticas e negativas na vida dos seus familiares. O seguimento de um protocolo pode contribuir para que a informação de morte seja transmitida e recebida de forma humanizada e minimamente traumática, para tranquilizar a família e auxiliar no pedido de doação de órgãos. Objetivou-se, com este estudo, descrever um método que auxilie na comunicação de falecimento do paciente à família seguida de pedido de doação de órgãos. Utilizou-se revisão bibliográfica de artigos do LILACS, Pubmed e SciELO. Encontrou-se que o método mais utilizado para informar más notícias aos pacientes de forma não traumatizante é o protocolo SPIKES (PEREIRA et al., 2013). Considera-se que esse protocolo, adaptado, também se aplica à comunicação de más notícias aos familiares por meio dos seus seis passos (SEIFART et al., 2014). O primeiro passo é a preparação do local da conversa com os familiares (setting up), enquanto o segundo (perception) envolve o conhecimento da família sobre o estado do paciente. O terceiro (invitation) e o quarto (knowledge) passos estão relacionados ao interesse do familiar em saber detalhes e a concreta transmissão dessa informação. O quinto (emotions) consiste em dar conforto ao familiar, e o último passo (strategy and summery) oferece a estratégia de ação(BAILE et al., [20--]). Em caso de morte encefálica, a Associação Brasileira de Transplante de órgãos preconiza que, uma vez que o ambiente para a informação esteja preparado (setting), é necessário explicar para o familiar que haverá a necessidade de exames, quem pode se beneficiar com a doação dos órgãos e que o corpo será devolvido à família, para o funeral, de forma digna (ANDRADE; BELTRAME; PESTANA, 2002). Além disso, para uma comunicação efetiva e humanizada, é imprescindível a participação de uma equipe multidisciplinar (LECH; DESTEFANI; BONAMIGO, 2013) formada pelo médico responsável pelo caso, um psicólogo e o grupo de captação de órgãos. Estes têm como objetivo informar a morte do paciente e passar todas as informações necessárias aos familiares sobre o processo de doação e captação de órgãos(MORAIS.; MORAIS, 2012). Dessa forma, a família terá amplo esclarecimento sobre o processo de doação, ao mesmo tempo que o luto é respeitado e acompanhado pelo psicólogo(FELIÚ, 2009). Conclui-se que o uso do protocolo SPIKES pode ser adaptado para a comunicação aos familiares de falecimento de paciente com pedido de doação de órgãos. No contexto da ação de uma equipe multidisciplinar, a utilização desse método poderá trazer aos familiares maior conforto e alívio, sobretudo ao receber claramente a informação de que o paciente falecido foi humanamente tratado durante todo o processo de doença até a doação dos órgãos. Além disso, a comunicação de forma menos traumática contribui para que se forme um vínculo de confiança dos familiares com a equipe multidisciplinar que vai auxiliar no enfrentamento do luto pelos parentes.
Palavras-chave: Comunicação. Doação. Protocolo.
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Citas
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Edson de Oliveira; BELTRAME, Alberto; PESTANA, Osmar Medina. Entenda a doação de órgãos. Jornal Manual do Estudante, p. 65, ago 2002.
BAILE, Walter F.; BUCKMAN, Robert; LENZI, Roberto; GLOBER, Gary; BEALE, Estela; KUDELKA, Andrzej P. SPIKES – A six-step protocol for delivering bad news: applicaton to the patient with cancer. The Oncologist, Houston, 2000;5:302-311.
FELIÚ, Ximena. Enfrentando a morte: a experiência de luto em famílias de doadores de órgãos e tecidos. 2009. Monografia (Aprimoramento em Teoria, Pesquisa e Intervenção em Luto) – 4 Estações Instituto de Psicologia, São Paulo, 2009.
LECH, Simone Solange; DESTEFANI, Amanda dos Santos; BONAMIGO, Elcio Luiz. Percepção dos médicos sobre comunicação de más notícias ao paciente. Unoesc & Ciência – ACBS, Joaçaba, v. 4, n. 1, p. 69-78, jan./jun. 2013.
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PEREIRA, Ana Teresa Galante; FORTES, Isa Filipa Louro; MENDES, João Manuel Galhanas. Comunicaçzão de más notícias: revisão sistemática da literatura. Revista de Enfermagem – UFPE On Line, Recife, v. 7, n. 1, p. 227-235, jan 2013.
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