Eletroconvulsoterapia (ECT): uma abordagem histórica
Resumen
Introdução: A eletroconvulsoterapia (ECT) é uma modalidade interventiva em psiquiatria (BEZERRA E SILVA et al., 2008) que consiste no uso de estímulos elétricos com a finalidade de induzir uma convulsão controlada e conceber a reorganização e o funcionamento normal do cérebro, sendo o único tratamento biológico do século XIX que segue sendo utilizado em grande escala nos dias atuais (MOSER et al., 2005). Objetivo: Apresentar o desenrolar da ECT ao longo da história da psiquiatria bem como sua regulamentação no Brasil de acordo com a Resolução n. 1.640/2002 do Conselho Federal de Medicina (CFM). Metodologia: Foi realizada uma busca nas bases de dados SciELO, PubMed e LILACS, no período de 13 a 26 de agosto de 2018, utilizando quatro artigos e a legislação pertinente. Resultados: A essência dessa técnica é atribuída a Ladhaus Von Meduna que, em 1885, guiado por sua teoria do antagonismo biológico entre esquizofrenia e epilepsia, descreveu benefícios terapêuticos da convulsão induzida por cânfora (MAX, 1984). Visando à melhoria da técnica de ECT induzida por drogas, em 1938 na Cidade de Roma, Ugo Cerletti e Lucio Bini foram os pioneiros no uso de estímulos elétricos para indução terapêutica de convulsões (MOSER et al., 2005). Batizada inicialmente de “eletrochoque”, a técnica passou por diversas melhorias e existem relatos que até a década de 1970 a técnica foi amplamente utilizada nos hospitais psiquiátricos (GUIMARÃES et al., 2013). Porém, com o advento da terapêutica farmacológica, entre as décadas 1960 e 1980 do século XX, seu uso entrou em declínio. Visto que o uso da ECT é considerado efetivo para algumas pessoas que sofrem de transtornos mentais severos, como transtornos depressivos graves, catatonia, mania e certos casos de esquizofrenia, sua popularidade vem aumentando nos últimos 15 anos (GUIMARÃES et al., 2013). Atualmente, algumas associações psiquiátricas têm se posicionado a favor da ECT, e vários países a inseriram como tratamento de eleição para transtornos mentais (SALLEH et al., 2006). No Brasil, o CFM normatizou esse método por meio da Resolução n. 1.640/2002, descrevendo a ECT, em seu artigo primeiro, como um método terapêutico seguro, eficaz e internacionalmente reconhecido e aceito. Conclusão: Conclui-se, assim, que em se tratando de um método conhecidamente efetivo, tem-se a necessidade da divulgação e popularização do seu uso, assim como a desmistificação do método perante a sociedade.
Palavras-chave: Eletroconvulsoterapia. ECT.
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Citas
BEZERRA E SILVA, M. L.; CALDAS, M. T. Revisitando a técnica de eletroconvulsoterapia no contexto da reforma psiquiátrica brasileira. Psicol. cienc. prof., Brasília, v. 28 n. 2, jun. 2008.
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CONSELHO FEDERAL DE MEDICINAL. Resolução N. 1.640, de 10 de julho de 2002. Dispõe sobre a eletroconvulsoterapia e dá outras providências. Disponível em: <http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/cfm/2002/1640_2002.htm>. Acesso em: 20 ago. 2018.
GUIMARÃES, A. N. et al. Tratamento em saúde mental no modelo manicomial (1960 a 2000): histórias narradas por profissionais de enfermagem. Texto contexto - enferm., Florianópolis, v. 22, n. 2, abr./jun. 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072013000200012&lang=pt>. Acesso em: 20 ago. 2018.
MOSER, C. M.; LOBATO, M. I.; BELMONTE-DE-ABREU, P. Evidências da eficácia da eletroconvulsoterapia na prática psiquiátrica. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul, Porto Alegre, v. 27, n. 3, set./dez. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-81082005000300009> Acesso em: 20 ago. 2018.
SALLEH, M. A. et al. Eletroconvulsotherapy: criteria and recomendations from World Psychiatric Association. Rev. Psiq. Clín., v. 33, n. 5, p. 262-267, 2006. Disponível em: <http://psiquiatriabh.com.br/wp/wp-content/uploads/2015/01/Indicacoes-psiquiatricas-da-eletroconvulsoterapia.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2018.