Cuidados de enfermagem na ventilação mecânica: percepções, atribuições e conhecimento dos profissionais enfermeiros que atuam em unidades de terapia intensiva no Meio Oeste e Oeste catarinense
Resumen
Introdução: A ventilação mecânica (VM) é uma ferramenta amplamente utilizada no tratamento de pacientes internados nas unidades de terapia intensiva (UTIs). Os cuidados de ventilação mecânica dependem da atuação de uma equipe multiprofissional, a qual deve estabelecer rotinas e protocolos e possuir conhecimentos em relação ao melhor emprego de tal ferramenta. Objetivo: Identificar a percepção do enfermeiro que trabalha em UTI em relação ao seu papel no cuidado da ventilação mecânica, as funções que realizam e os conhecimentos técnicos que possuem em relação ao tema. Metodologia: A amostra deste estudo foi composta por 25 enfermeiros assistenciais que atuam em unidades de terapia intensiva em hospitais do Meio-Oeste e Oeste de Santa Catarina. Foi realizada a aplicação de questionário estruturado avaliando o perfil sociodemográfico e profissional, a percepção do papel do enfermeiro e seu conhecimento em ventilação mecânica. Resultados: A idade média dos profissionais avaliados é de 30,8 anos, variando de 23 a 43 anos. O tempo médio desde a conclusão da graduação é de 4,2 anos, e o tempo médio de atuação em UTI é de dois anos. Em relação à especialização na área de terapia intensiva, 68% não possuem, enquanto 32% são especialistas. Em relação à função do enfermeiro na VM, as respostas mais frequentes foram: detectar problema (24 respostas) e montagem e teste do ventilador mecânico (24 respostas). Quando questionados se os dados de ventilação mecânica estão contemplados na evolução de enfermagem, 68% responderam que estão de forma parcial, enquanto 32% responderam que está de forma completa. Em relação aos modos ventilatórios, 88% responderam que possuem conhecimento satisfatório; sobre a diferença entre PCV, VCV, SIMV e PSV, 72% responderam ter conhecimento, enquanto 60% responderam possuir conhecimento satisfatório sobre disparo e ciclagem. Em relação à PEEP, 96% responderam possuir conhecimento satisfatório (96%), e em relação ao ajuste de alarmes, essa resposta foi observada em 64% dos profissionais. Com o objetivo de analisar se o tempo de trabalho em UTI tem relação com os conhecimentos de VM que os entrevistados relataram possuir, os enfermeiros foram divididos entre os que possuem mais de dois anos de experiência em terapia intensiva e aqueles que possuem menos de dois anos de experiência. Os resultados mostraram que os profissionais com mais de dois anos de experiência possuem mais conhecimentos em relação à diferenciação dos modos PCV, VCV, SIMV e PSV (p=0,020), sobre disparo e ciclagem (p=0,018) e em relação ao ajuste de alarmes (p=0,040). Para as demais relações não houve diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos. Quando relacionamos o fato de o enfermeiro possuir ou não especialização na área de terapia intensiva com os conhecimentos que ele julga ter sobre ventilação mecânica, não foi encontrada nenhuma diferença estatística entre os profissionais especialistas e os não especialistas. Conclusão: Esses resultados reforçam a importância da formação e atualização nos cuidados em ventilação mecânica de todos os profissionais que atuam em terapia intensiva. Além disso, mais estudos são necessários para um melhor entendimento do conhecimento do profissional enfermeiro no tema.
Palavras-chave: UTI. Ventilação mecânica. Enfermagem.