Um olhar sobre a população haitiana em Pato Branco
Resumen
Introdução: Apesar de o Haiti ter sido o primeiro país latino-americano a se libertar da colonização hispânica, e consequentemente da escravidão que o assolava, o que se viu foi uma subservidão frente aos países mais desenvolvidos, o que dificultou seu crescimento e estabilização como nação, e ainda enfrenta o estigma de país mais pobre do continente latino-americano. O somatório entre baixo IDH (Índice Desenvolvimento Urbano), surto de cólera (2010) e desastres naturais (terremotos e furacões) culminou na imigração desse povo que começou a entrar no Brasil em 2010, quando formavam pequenos grupos que não somavam duas centenas de pessoas, e em 2013 esse número ultrapassou 20.000 pessoas. Objetivos: Identificar a população de haitianos instalados na Cidade de Pato Branco, PR; acolher a população de imigrantes; identificar dificuldades encontradas pelos imigrantes, demandas sociais e de saúde; e relacionar diferenças do acesso e uso do Sistema de Saúde Pública Brasileira e Haitiana. Materiais e Métodos: Estudo transversal sobre população de imigrantes haitianos residentes no Município de Pato Branco, realizado no período de março a outubro de 2016. O Estudo foi conduzido por meio de revisão bibliográfica de artigos científicos, visitas domiciliares e atendimentos no Centro de Saúde, aplicação de questionário quantitativo e qualitativo para 46 haitianos e realização de análise dos dados. Resultados: Foram entrevistados 46 haitianos, sendo 40 homens e seis mulheres, dois quais 32 são solteiros, 14 casados e um divorciado, e o tempo para chegar ao Brasil variou de um mês a um ano. A maioria apresentou idade economicamente ativa (de 20 a 44 anos). Os principais motivos para a imigração foram, em ordem de prioridade, procura de emprego, estudo, busca por uma vida melhor, ganhar dinheiro e seguridade social. No Haiti, a maioria exercia funções como estudantes, professores, motoristas e pedreiros e, aqui no Brasil, o emprego atual de quase a totalidade deles não tem relação com as atividades realizadas no país de origem. Em relação aos problemas de saúde, 30 imigrantes afirmaram ter algum problema, e os mais citados foram cefaleia, visual, hipertensão arterial sistêmica, amigdalite e lombalgia. Entre os medicamentos mais usados estão Paracetamol, Ibuprofeno, Enalapril e Metformina. Dos 46 entrevistados, 44 afirmavam já ter feito uso do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo o principal motivo do atendimento a solicitação de exames, e destes, 32 classificaram o serviço como bom, e os demais teceram críticas relacionadas à demora até o atendimento e ao médico não os ter examinados. Quanto às dificuldades encontradas no País, relatam principalmente emprego, aluguel, comunicação, racismo e custo de vida. Uma unanimidade entre todos os entrevistados é que aprender o idioma facilitaria a integração, e todos consideraram isso como fundamental, ao mesmo tempo em que reclamam da falta de cursos disponíveis. Conclusão: O trabalho permitiu a identificação de uma parte da população de origem haitiana na Cidade de Pato Branco, PR, e o conhecimento de suas aspirações e dificuldades, permitindo, quem sabe, uma maior integração desses imigrantes com a comunidade brasileira.
Palavras-chave: Imigrantes. Haitianos. SaúdeDescargas
Citas
ASSIS, G. O. A “diáspora” Haitiana rumo ao Brasil e os desafios à política migratória brasileira: migrantes indesejados? Universidade do Estado de Santa Catarina, 2012.
CALVOCORESSI, P. Política Mundial a partir de 1945. 9. ed. Penso, 2011.
COSTA, G. A. Haitianos em Manaus: dois anos de imigração – e agora? Travessia – Revista do Migrante, São Paulo, n. 70, p. 91-97, jan./jun. 2012.
DANNER, M. To Heal Haiti, Look to History, Not Nature. Opinion, Jan. 2010.
GORENDER, J. O épico e o trágico na História do Haiti. Estudos avançados, São Paulo, v. 18, n. 50, p. 295-303, jan./abr. 2004.
SILVA, S. Brazil, a new eldorado for immigrants? The case of haitians and the brazilian imigration policy. Urbanities, v. 3, n. 2. p. 1-18, nov. 2013.
VILLELA, G. M. R. Uma breve análise da história econômica do Haiti. Opinio, Canoas, n. 21, p. 71-81, jul./dez. 2008.