Transtornos emocionais em estudantes de Medicina
Abstract
Introdução: O estudante de Medicina, muitas vezes, não está adequadamente preparado para lidar com as situações de estresse e raciocínio rápido que a formação médica exige, podendo haver repercussões importantes na sua vida pessoal e acadêmica em razão disso (LIMA et al., 2016). Durante a formação acadêmica, estima-se que de 15% a 25% dos estudantes apresentam algum tipo de transtorno psiquiátrico (VASCONCELOS et al., 2015). Ansiedade, estresse, sintomas depressivos e burnout, dentro dos transtornos emocionais, têm sido apontados nesses estudantes, com um risco maior de suicídio (BENEVIDES-PEREIRA; GONÇALVES, 2009). Objetivo: Investigar a produção científica brasileira sobre os transtornos emocionais em estudantes de Medicina. Metodologia: O método utilizado foi a busca on-line de artigos relacionados ao assunto, na base de dados Scielo, Pubmed e Google Acadêmico. Resultados: A prevalência de sintomas depressivos em estudantes de medicina no Brasil (41,3%) é maior que a prevalência global (28,0%) (MAYER et al., 2016). Aqueles que precisam se afastar do núcleo familiar em decorrência da localização da universidade tornam-se mais expostos a distúrbios psicológicos, principalmente ao maior risco de depressão (VASCONCELOS et al., 2015). Além disso, maiores taxas de sintomatologia ansiosa são encontradas no início do curso, o que sugere uma dificuldade de adaptação aos novos métodos de ensino e provas. Isso também acontece no quarto ano, que antecede o internato, e no sexto ano, quando o aluno prestará a prova de residência (BALDASSIN; MARTINS; ANDRADE, 2006). Já a presença de estresse e burnout é constatada principalmente no terceiro e no quarto anos, em decorrência do acúmulo de disciplinas, da necessidade de o estudante receber a maior quantia de informações possíveis, atendendo, assim, ao surgimento de novas tecnologias de investigação e terapêutica (BENEVIDES-PEREIRA; GONÇALVES, 2009). Tudo isso pode culminar em um risco de suicídio aumentado, justamente porque não são todos os estudantes que reagem da mesma forma diante das frustrações e problemas emocionais, devendo, dessa maneira, ser identificados aqueles que necessitarão de acompanhamento especializado (SOUZA, 2010). Conclusão: Os resultados encontrados permitem concluir que a existência de transtornos emocionais, como depressão, ansiedade, estresse e burnout em estudantes de Medicina é relevante. Desse modo, é fundamental a existência de programas que possam identificar e tratar, se necessário, precocemente os alunos que desenvolverem esses transtornos para, além de prevenir um final trágico, proporcionar um maior bem-estar desses futuros médicos.
Palavras-chave: Estudantes de Medicina. Ansiedade. Depressão. Estresse.
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References
BALDASSIN, S.; MARTINS, L. C.; ANDRADE, A. G. de. Traços de ansiedade entre estudantes de medicina. Arquivos Médicos do ABC, p. 27-31, 2006. Disponível em: <https://www.portalnepas.org.br/amabc/article/viewFile/232/228>. Acesso em: 16 set. 2017.
BENEVIDES-PEREIRA, A. M. T.; GONÇALVES, M. B. Transtornos emocionais e a formação em Medicina: um estudo longitudinal. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 33, n. 1, p. 10-23, mar. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbem/v33n1/03.pdf>. Acesso em: 15 set. 2017.
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