Quanto tempo tenho de vida? Como responder
Abstract
Introdução: Falar aos pacientes que possuem pouco tempo de vida é algo muito doloroso, e muitos médicos não desempenham muito bem essa função, sendo que alguns chegam até a esconder essa informação (PEARL, 2016). O relato da verdade reflete o que a maioria dos pacientes deseja ouvir, bem como possui o direito de saber (PEARL, 2016). Objetivos: Analisar o quanto é importante a atitude do médico na revelação de um mau prognóstico. Metodologia: Foram levantados dados a partir de diferentes artigos e publicações em meios eletrônicos. A partir dos materiais selecionados buscou-se identificar orientações para o médico sobre a comunicação do prognóstico do paciente em fim de vida. Resultados: Encontrou-se que, apesar de fazer parte da vida e do ser humano ter consciência de que é mortal, a morte, geralmente, apresenta-se como um acontecimento longínquo que só vai acontecer com os outros (SILVA; MERIGHI, 2005). Entretanto, quando a morte se aproxima, buscam-se profissionais de saúde que cuidem e falem a verdade com compaixão e respeito para favorecer as decisões do final da vida (PEARL, 2016). As conversações sobre o fim de vida são muito difíceis, pois demandam tempo e são muito mais prolongadas que uma consulta em que o médico discutiria diretivas de tratamento. Alguns médicos escolhem a conveniência de não falar a verdade para evitar desapontar seus pacientes, outros o fazem somente para não perder o próprio tempo, muitos lutam para confrontar seus próprios limites, e outros se justificam prometendo o impossível para salvar o paciente como se quisessem “preservar a esperança” (PEARL, 2016). Na ética médica do século XIX, havia o incentivo à ocultação do prognóstico ao paciente pela intenção de não lhe provocar danos (BRAZ; GEOVANINI, 2013). Já na ética médica contemporânea as virtudes da sinceridade e da honestidade dos profissionais de saúde são consideradas de alto valor, para que o paciente esteja ciente da gravidade da sua doença (BRAZ; GEOVANINI, 2013). O artigo 34 do Código de Ética Médica diz que ao médico é vetado: “deixar de informar ao paciente o diagnóstico, prognóstico, os riscos e os objetivos de tratamento, salvo quando a comunicação direta possa lhe provocar dano, devendo, nesse caso, falar com o representante legal.” (CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, 2016). Porém, é muito difícil um paciente perguntar sobre o tempo de vida restante e, os poucos que perguntam, na verdade, não querem saber a resposta e desistem de escutá-la (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2013). Entretanto, é necessário avaliar caso por caso, pois muitos pacientes se sentem desolados com a notícia, podendo até cometer atitudes drásticas, como o suicídio (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2013). Conclusão: Dessa forma, conclui-se que, do ponto de vista ético, o médico, salvo exceções que possam causar dano, com habilidade, deve informar tudo ao paciente sobre sua doença e dar os possíveis alertas, inclusive sobre seu tempo restante de vida. Os resultados permitem inferir que, desde a graduação, especial atenção deve ser dada à formação do médico referente à comunicação de más notícias ao paciente fora de possibilidades terapêuticas.
Palavras-chave: Bioética. Comunicação de más notícias. Ética médica.
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References
BRAZ, M.; GEOVANINI, F. Conflitos éticos na comunicação de más notícias em oncologia. Revista bioética, v. 21, n. 3, p. 455-62, 2013. Disponível: http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/view/854/942 Acesso: 4 abril 2017.
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PEARL, R. Falar ao paciente que ele vai morrer é doloroso. Mas é preciso dizer a verdade. Médicos S/A, 2016. Disponível em: <https://www.medicossa.com.br/robert-pearl-os-medicos-sao-gestores-de-escolhas-impossiveis/>. Acesso em: 04 abr. 2017.
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