DENGUE: TRANSMISSÃO VERTICAL
Abstract
Dengue é uma doença viral que apresenta quatro subtipos e é transmitida por meio da picada do mosquito Aedes aegypti. Desde 1966 tem-se percebido aumentos significativos no número de casos, em até 30 vezes, com surtos recentes em diversas regiões do País. No presente estudo objetivou-se fazer um levantamento e análise da atual literatura a respeito da transmissão vertical nos casos de dengue. O método utilizado para tal pesquisa foi a busca on-line de artigos em bases de dados e resoluções do Ministério da Saúde. Na dengue,há uma vasta quantia de manifestações clínicas, que variam de um processo assintomático, quadro febril indiferenciado (dengue clássica) e dengue hemorrágica, apresentados com diátese hemorrágica grave propensa a choques (GUERRA et al., 2001). No recém-nascido (RN), Guerra et al. (2001) relatam que a dengue grave ocorre somente quando o quadro clínico na mãe acontece próximo ao termo ou ao parto em si e não há tempo para a produção materna de anticorpos protetores. O intervalo de tempo entre o início da febre na gestante e no RN nos casos referidos varia entre 1 e 13 dias (média de 7).Sugere-se, assim, que a transmissão vertical por dengue, além de rara, seja subdiagnosticada e sub-relatada, não podendo ser excluída do diagnóstico de neonatos com o quadro clínico (MAROUN et al., 2008). Condições obstétricas como pré-eclâmpsia severa (síndrome HELLP) podem ser confundidas com as manifestações clínicas da dengue na mãe. Da mesma forma, em recém-nascidos, outras infecções (bacterianas, virais ou fúngicas) podem causar sintomas parecidos com a dengue (GUERRA et al., 2001). Constatou-se que a doença apresenta sintomas indistinguíveis à sepse neonatal, dificultando o diagnóstico e servindo de alerta aos pediatras para um possível tratamento precoce (MAROUN et al., 2008). Os anticorpos IgG são transferidos passivamente por via placentária, por serem de menor peso molecular. O diagnóstico de confirmação da transmissão vertical do vírus da dengue garante a presença de IgG e IgM específica tanto para a mãe quanto para o recém-nascido (GUERRA et al., 2001). Relata-se que a transmissão vertical teve como consequência o aumento de prematuridade e de óbito fetal em pacientes hospitalizadas. A imunopatogênese da transmissão vertical de dengue ainda não está bem-estabelecida. Em relação ao feto, autores relatam um aumento da incidência de malformações de tubo neural em RNs cujas mães apresentaram dengue no primeiro trimestre de gravidez (MAROUN et al., 2008). Conclui-se que a infecção pelo vírus da dengue durante a gestação pode prejudicar o concepto e ser associada ao baixo peso ao nascer e à prematuridade. Portanto, a conduta mais adequada quando se tem a suspeita diagnóstica de dengue na gravidez é a conduta conservadora, não apressando o parto (RIBEIRO et al., 2016).