ESCOLHA DA VIA DE PARTO: UMA QUESTÃO DE AUTONOMIA OU HETERONOMIA?

Autores

  • Ana Julia Pessatto Haag Universidade do Oeste de santa Catarina https://orcid.org/0000-0002-8891-0943
  • Letícia Felipetto de Oliveira Universidade do Oeste de Santa Catarina
  • Elcio Luiz Bonamigo

Resumo

A cesárea surgiu como uma necessidade médica e foi se aprimorando com o passar do tempo (WEIDLE et al., 2014). Entretanto, a solução tornou-se um problema quando o número de cesáreas aumentou, intensificando os custos e a morbidez. Isso deveu-se ao desejo das mulheres e à conveniência do procedimento para os profissionais que o realizam. O objetivo neste trabalho foi descrever as vantagens e desvantagem dos tipos de parto, incluindo o motivo da preferência pelas cesáreas, além de demonstrar a influência dos profissionais de saúde e da sociedade na escolha da gestante. Quanto à metodologia, tratou-se de uma pesquisa com base em dados bibliográficos obtidos por meio de banco de dados referentes ao tema escolhido.  Segundo Silva (2014), durante o período gestacional cabe ao obstetra repassar as informações a respeito dos tipos de parto, esclarecendo as dúvidas da gestante durante as consultas pré-natais. Por outro lado, nem sempre essa escolha é respeitada e, muitas vezes, o médico acaba influenciando sua paciente na escolha do parto que mais o beneficie, tanto em questões financeiras quanto de comodidade. De acordo com Marchi (1998, p. 3-4), “Heteronomia [...] é o poder que se dá, ou que alguns profissionais pretendem ter, de determinar como seus pacientes devem se comportar, impondo sua vontade [...]” Para Weidle (2014), as taxas de cesariana sofrem variações em razão de fatores culturais e sociais ou da gestação de alto risco, e aumentam na população de maior poder aquisitivo. A indicação indiscriminada e incorreta da realização de cesarianas envolve diversos riscos para mães e recém-nascidos, podendo gerar complicações anestésicas, operatórias e resultantes em transfusões sanguíneas (WEIDLE, 2014). Um estudo mostrou mudança na escolha da via de parto do início para o final da gestação, em que a gestante opta pela cesárea por medo da dor e pela falta de atenção humanizada por parte dos médicos, além do despreparo e de fatores emocionais associados (WEIDLE, 2014, p. 47 e 53). Um estudo mostrou que a expectativa inicial da maioria das gestantes é pelo parto natural, e a dos médicos obstetras, pela cesárea, porém estes fariam tanto parto natural quanto cesárea se requisitado (LEGUIZAMON JÚNIOR et al., 2014).  Segundo o Ministério da Saúde (2005 apud SILVA et al., 2014), a vantagem do parto normal é a recuperação imediata. Contudo, alguns procedimentos não recomendados pela OMS são realizados em partos normais no SUS, como manipulação excessiva, confinamento e parto com o auxílio de episiotomia (WEIDLE, 2014).  Em conclusão, o tipo de parto deve ser escolhido cautelosamente, pois vai se refletir na saúde da mãe e do bebê. Para diversas gestantes, a dor é o principal motivo que as leva à desistência do parto normal no decorrer da gravidez. Contudo, as cesáreas, em que pese a diminuição de complicações, começaram a ser realizadas de forma excessiva nos últimos anos, tornando-se imprescindível que haja orientação adequada do profissional de saúde durante as consultas pré-natais no sentido de facilitar uma escolha consciente, sem influências externas e adequada ao tipo de gravidez.

Palavras-chave: Parto. Cesárea. Autonomia. Gravidez. Influência.

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Referências

LEGUIZAMON JUNIOR, Teodoro; STEFFANI, Jovani Antônio; BONAMIGO, Elcio Luiz. Escolha da via de parto: expectativa de gestantes e obstetras. Rev. Bioét. v. 21, n.3, p. 509-17, 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/bioet/v21n3/a15n21v3.pdf>. Acesso em: 15 ago. 2016.

MARCHI, Maria Mathilde; SZTAJN, Rachel. Autonomia e Heteronomia na relação entre profissionais de saúde e usuários dos serviços de saúde. Rev. Bioética [online]. v. 6, n. 1, p. 3-4, 1998. Disponível em: <http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/view/322/390>. Acesso em: 29 jul. 2016.

SILVA, Susanne Pinheiro Costa e; PRATES, Renata de Carvalho Gomes; CAMPELO, Bruna Queiroz Armentano. Parto normal ou cesariana? Fatores que influenciam na escolha da gestante. Revista de Enfermagem da UFSM. v. 4, n. 1, p. 1-9, 2014. Disponível em: <http://periodicos.ufsm.br/reufsm/article/viewFile/8861/pdf>. Acesso em: 29 jul. 2016.

TEDESCO, Ricardo Porto et al. Fatores determinantes para as expectativas de primigestas acerca da via de parto. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. [online]. v. 26, n. 10, p. 791-798, 2004. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0100-72032004001000006>. Acesso em: 29 jul. 2016.

WEIDLE, Welder Geison; MEDEIROS, Cássia Regina Gotler; GRAVE, Magali Teresinha Quevedo; DAL BOSCO, Simone Morelo. Escolha da via de parto pela mulher: autonomia ou indução?. Cad. saúde colet. [online]. v. 22, n. 1, p. 46-53, 2014. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/1414-462X201400010008>. Acesso em: 29 jul. 2016.

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Publicado

2016-10-26

Como Citar

Pessatto Haag, A. J., Felipetto de Oliveira, L., & Bonamigo, E. L. (2016). ESCOLHA DA VIA DE PARTO: UMA QUESTÃO DE AUTONOMIA OU HETERONOMIA?. Anais De Medicina. Recuperado de https://periodicos.unoesc.edu.br/anaisdemedicina/article/view/11902

Edição

Seção

Resumos