HUMANIZANDO A COMUNICAÇÃO DE MORTE E A CAPTAÇÃO DE ÓRGÃOS

Autores

  • Elcio Luiz Bonamigo
  • Maria Eduarda Maestri Casara Universidade do Oeste de Santa Catarina
  • Amanda Pastorello Rodrigues Universidade de Santa Catarina

Resumo

O falecimento de um paciente costuma causar mudanças drásticas e negativas na vida dos seus familiares. O seguimento de um protocolo pode contribuir para que a informação de morte seja transmitida e recebida de forma humanizada e minimamente traumática, para tranquilizar a família e auxiliar no pedido de doação de órgãos. Objetivou-se, com este estudo, descrever um método que auxilie na comunicação de falecimento do paciente à família seguida de pedido de doação de órgãos. Utilizou-se revisão bibliográfica de artigos do LILACS, Pubmed e SciELO. Encontrou-se que o método mais utilizado para informar más notícias aos pacientes de forma não traumatizante é o protocolo SPIKES (PEREIRA et al., 2013). Considera-se que esse protocolo, adaptado, também se aplica à comunicação de más notícias aos familiares por meio dos seus seis passos (SEIFART et al., 2014). O primeiro passo é a preparação do local da conversa com os familiares (setting up), enquanto o segundo (perception) envolve o conhecimento da família sobre o estado do paciente. O terceiro (invitation) e o quarto (knowledge) passos estão relacionados ao interesse do familiar em saber detalhes e a concreta transmissão dessa informação. O quinto (emotions) consiste em dar conforto ao familiar, e o último passo (strategy and summery) oferece a estratégia de ação(BAILE et al., [20--]). Em caso de morte encefálica, a Associação Brasileira de Transplante de órgãos preconiza que, uma vez que o ambiente para a informação esteja preparado (setting), é necessário explicar para o familiar que haverá a necessidade de exames, quem pode se beneficiar com a doação dos órgãos e que o corpo será devolvido à família, para o funeral, de forma digna (ANDRADE; BELTRAME; PESTANA, 2002). Além disso, para uma comunicação efetiva e humanizada, é imprescindível a participação de uma equipe multidisciplinar (LECH; DESTEFANI; BONAMIGO, 2013) formada pelo médico responsável pelo caso, um psicólogo e o grupo de captação de órgãos. Estes têm como objetivo informar a morte do paciente e passar todas as informações necessárias aos familiares sobre o processo de doação e captação de órgãos(MORAIS.; MORAIS, 2012). Dessa forma, a família terá amplo esclarecimento sobre o processo de doação, ao mesmo tempo que o luto é respeitado e acompanhado pelo psicólogo(FELIÚ, 2009). Conclui-se que o uso do protocolo SPIKES pode ser adaptado para a comunicação aos familiares de falecimento de paciente com pedido de doação de órgãos. No contexto da ação de uma equipe multidisciplinar, a utilização desse método poderá trazer aos familiares maior conforto e alívio, sobretudo ao receber claramente a informação de que o paciente falecido foi humanamente tratado durante todo o processo de doença até a doação dos órgãos. Além disso, a comunicação de forma menos traumática contribui para que se forme um vínculo de confiança dos familiares com a equipe multidisciplinar que vai auxiliar no enfrentamento do luto pelos parentes.

Palavras-chave: Comunicação. Doação. Protocolo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maria Eduarda Maestri Casara, Universidade do Oeste de Santa Catarina

Área de Ciências da vida, acadêmica do quarto semestre do curso de medicina da UNOESC

Amanda Pastorello Rodrigues, Universidade de Santa Catarina

Área das Ciências da Vida, acadêmica do quarto semestre do curso de medicina da UNOESC

Referências

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Edson de Oliveira; BELTRAME, Alberto; PESTANA, Osmar Medina. Entenda a doação de órgãos. Jornal Manual do Estudante, p. 65, ago 2002.

BAILE, Walter F.; BUCKMAN, Robert; LENZI, Roberto; GLOBER, Gary; BEALE, Estela; KUDELKA, Andrzej P. SPIKES – A six-step protocol for delivering bad news: applicaton to the patient with cancer. The Oncologist, Houston, 2000;5:302-311.

FELIÚ, Ximena. Enfrentando a morte: a experiência de luto em famílias de doadores de órgãos e tecidos. 2009. Monografia (Aprimoramento em Teoria, Pesquisa e Intervenção em Luto) – 4 Estações Instituto de Psicologia, São Paulo, 2009.

LECH, Simone Solange; DESTEFANI, Amanda dos Santos; BONAMIGO, Elcio Luiz. Percepção dos médicos sobre comunicação de más notícias ao paciente. Unoesc & Ciência – ACBS, Joaçaba, v. 4, n. 1, p. 69-78, jan./jun. 2013.

MORAIS, Taise Ribeiro; MORAIS, Maricelma Ribeiro. Doação de órgãos: é preciso educar para avançar. Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 36, n. 95, p. 633-639, out./dez. 2012.

PEREIRA, Ana Teresa Galante; FORTES, Isa Filipa Louro; MENDES, João Manuel Galhanas. Comunicaçzão de más notícias: revisão sistemática da literatura. Revista de Enfermagem – UFPE On Line, Recife, v. 7, n. 1, p. 227-235, jan 2013.

SEIFART, C.; HOFMANN, M.; BAR, T.; KNORRENSCHILD, J. Riera.; SEIFART, U.; RIEF, W. Breaking bad news – what patients want and what they get: evaluating the SPIKES protocol in Germany. Annal of Oncology, Malburg, v. 23, n. 4, p. 707-711, fev 2014.

Downloads

Publicado

2015-12-16

Como Citar

Bonamigo, E. L., Maestri Casara, M. E., & Pastorello Rodrigues, A. (2015). HUMANIZANDO A COMUNICAÇÃO DE MORTE E A CAPTAÇÃO DE ÓRGÃOS. Anais De Medicina. Recuperado de https://periodicos.unoesc.edu.br/anaisdemedicina/article/view/9494

Edição

Seção

Resumos