Um olhar sobre a população haitiana em Pato Branco

Autores

  • Talita Aparecida Conte UNOESC - UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA
  • Caroline Solana de Oliveira
  • Fernanda Nery G. de Mattos
  • Isadora Cavenago Fillus
  • Rayana Wastner Pereira Acadêmica de medicina da Unoesc
  • Jessica Helena da Silva
  • Carlos Frederico de Almeida Rodrigues

Resumo

Introdução: Apesar de o Haiti ter sido o primeiro país latino-americano a se libertar da colonização hispânica, e consequentemente da escravidão que o assolava, o que se viu foi uma subservidão frente aos países mais desenvolvidos, o que dificultou seu crescimento e estabilização como nação, e ainda enfrenta o estigma de país mais pobre do continente latino-americano. O somatório entre baixo IDH (Índice Desenvolvimento Urbano), surto de cólera (2010) e desastres naturais (terremotos e furacões) culminou na imigração desse povo que começou a entrar no Brasil em 2010, quando formavam pequenos grupos que não somavam duas centenas de pessoas, e em 2013 esse número ultrapassou 20.000 pessoas. Objetivos: Identificar a população de haitianos instalados na Cidade de Pato Branco, PR; acolher a população de imigrantes; identificar dificuldades encontradas pelos imigrantes, demandas sociais e de saúde; e relacionar diferenças do acesso e uso do Sistema de Saúde Pública Brasileira e Haitiana. Materiais e Métodos: Estudo transversal sobre população de imigrantes haitianos residentes no Município de Pato Branco, realizado no período de março a outubro de 2016. O Estudo foi conduzido por meio de revisão bibliográfica de artigos científicos, visitas domiciliares e atendimentos no Centro de Saúde, aplicação de questionário quantitativo e qualitativo para 46 haitianos e realização de análise dos dados. Resultados: Foram entrevistados 46 haitianos, sendo 40 homens e seis mulheres, dois quais 32 são solteiros, 14 casados e um divorciado, e o tempo para chegar ao Brasil variou de um mês a um ano. A maioria apresentou idade economicamente ativa (de 20 a 44 anos). Os principais motivos para a imigração foram, em ordem de prioridade, procura de emprego, estudo, busca por uma vida melhor, ganhar dinheiro e seguridade social. No Haiti, a maioria exercia funções como estudantes, professores, motoristas e pedreiros e, aqui no Brasil, o emprego atual de quase a totalidade deles não tem relação com as atividades realizadas no país de origem. Em relação aos problemas de saúde, 30 imigrantes afirmaram ter algum problema, e os mais citados foram cefaleia, visual, hipertensão arterial sistêmica, amigdalite e lombalgia. Entre os medicamentos mais usados estão Paracetamol, Ibuprofeno, Enalapril e Metformina. Dos 46 entrevistados, 44 afirmavam já ter feito uso do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo o principal motivo do atendimento a solicitação de exames, e destes, 32 classificaram o serviço como bom, e os demais teceram críticas relacionadas à demora até o atendimento e ao médico não os ter examinados. Quanto às dificuldades encontradas no País, relatam principalmente emprego, aluguel, comunicação, racismo e custo de vida. Uma unanimidade entre todos os entrevistados é que aprender o idioma facilitaria a integração, e todos consideraram isso como fundamental, ao mesmo tempo em que reclamam da falta de cursos disponíveis. Conclusão: O trabalho permitiu a identificação de uma parte da população de origem haitiana na Cidade de Pato Branco, PR, e o conhecimento de suas aspirações e dificuldades, permitindo, quem sabe, uma maior integração desses imigrantes com a comunidade brasileira.

Palavras-chave: Imigrantes. Haitianos. Saúde

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Biografia do Autor

Talita Aparecida Conte, UNOESC - UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA

Acadêmica da Unoesc

Caroline Solana de Oliveira

Acadêmica da UNIOESTE

Fernanda Nery G. de Mattos

Acadêmica da Unioeste

Isadora Cavenago Fillus

Acadêmica da Unioeste

Jessica Helena da Silva

Acadêmica da Unoesc

Carlos Frederico de Almeida Rodrigues

Neurocirurgião e livre-docente da Unioeste.

Referências

ASSIS, G. O. A “diáspora” Haitiana rumo ao Brasil e os desafios à política migratória brasileira: migrantes indesejados? Universidade do Estado de Santa Catarina, 2012.

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DANNER, M. To Heal Haiti, Look to History, Not Nature. Opinion, Jan. 2010.

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VILLELA, G. M. R. Uma breve análise da história econômica do Haiti. Opinio, Canoas, n. 21, p. 71-81, jul./dez. 2008.

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Publicado

2018-03-21

Como Citar

Conte, T. A., Oliveira, C. S. de, Mattos, F. N. G. de, Fillus, I. C., Pereira, R. W., Silva, J. H. da, & Rodrigues, C. F. de A. (2018). Um olhar sobre a população haitiana em Pato Branco. Anais De Medicina. Recuperado de https://periodicos.unoesc.edu.br/anaisdemedicina/article/view/15830

Edição

Seção

Resumos